Querido:
Não faz tanto tempo assim que nos separamos, mas a saudade se desvanece rapidamente pela enxurrada de interesses que a vida lhe traz todo dia. Ainda bem!
Comigo, você bem pode imaginar, ocorre o mesmo fator de distanciamento, ainda mais porque estou estudando numa classe adiantada, onde os temas que nos são propostos incluem situações cármicas que a maior parte dos colegas nem chegou a suspeitar existirem.
Mas hoje me deu na telha rever na memória as pessoas mais queridas desta minha derradeira jornada, quinze aninhos apenas, enquanto a nossa convivência foi de dez somente, ainda assim com perspectivas de muita diferenciação de vivência intelectual e emocional.
Mas eu vi, depois, o quanto eu representava na verdade para você, uma espécie de modelo, porque eu jogava bola e me posicionava otimamente perante os estudos. Naquela época, se eu tivesse pensado no assunto, teria visto algum ciúme ou alguma inveja. A minha passagem para este outro plano, na realidade, foi como que o acender de uma luz nova dentro do ambiente em que mantínhamos nosso relacionamento fraternal.
Agora você está com vinte e dois anos, está concluindo o curso superior, julga-se maduro para um conhecimento mundano mais íntimo, de forma que a minha missiva há de se restringir apenas a estes aspectos de antigamente. O que lhe peço de modo especialíssimo é que tudo realize segundo os ditames da consciência, arejada pelos ensinos de Jesus. Só mais tarde é que lhe virão anseios de conhecimentos doutrinários espíritas superiores. Nesse caso, vá a um bom centro espírita e leia os livros todos de Kardec, relevando tudo o que neles se encontra de retrógrado, em função dos avanços das ciências nestes últimos dois séculos.
Abrace por mim os nossos irmãos e afague os cabelos ralos de papai.
Fique com Jesus!
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