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Ensaios-->Mudanças São Como Aniversários -- 01/02/2002 - 17:02 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MUDANÇAS SÃO COMO ANIVERSÁRIOS


Mudanças são como aniversários. Acontecem todos os anos. Queiramos ou não. E também incomodam. Para uns mais, para outros menos. Ficamos mais velhos. Saímos de uma posição anterior, conhecida, estável, para uma nova situação, desconhecida, instável. Mas é imperativo do tempo. Faz parte da natureza, que também é cíclica, no seu próprio tempo.

É certo que, quando passamos de cinco... seis anos de idade, para sete...oito anos, as mudanças são brandas, quase imperceptíveis, mas ainda assim existem. Porém, quando passamos da casa dos onze, doze anos, para a fase da adolescência, por volta dos quatorze, quinze anos, a mudança causa enorme impacto. Muda nosso organismo, nosso modo de pensar, muda nossa perspectiva e visão do mundo. Nos homens, o grande volume de testosterona dita a maior parte das mudanças. Desperta e aumenta o desejo sexual. A fase é de masturbação. De questionamentos também. A voz passa a ter configuração rouca, diferenciada da voz feminina. Ainda não esqueci, até hoje, quando a linda professora, nem sei mesmo se era tão linda assim, entrava em sala e, ao sentar-se em sua cadeira, sobre um plano mais alto da sala de aula, que cruzava as pernas, também lindas, aqui não tenho dúvidas, para fazer a chamada, milhares e milhares de coisas passavam pela minha mente. Apesar de nunca ter visto o que gostaria de ter visto. A emoção não deixava. Só via o conjunto, o todo, daquela amostra sutilmente escondida. Depois a mudança atinge, creio que de modo parecido, com as mulheres. Crescem os seios, vem o primeiro sutiã, o primeiro sangramento, o primeiro amor e as primeiras fantasias.

E a mudança prossegue, por toda a vida, a exigir de nós, cada vez mais, decisões, e mais decisões, cada vez mais complexas. Refletimos, formamos juízos, resistimos, procuramos adaptações, mas, sem saber, quando menos percebemos, a vida toda não fizemos outra coisa que não tivesse um pouco de mudanças. Mudamos de idéias, de conceitos, de crenças e de valores, de torcer por este ou aquele time, de convicções políticas, de emprego, de profissão, de namorada, de mulher, de esposa, de amigos, de parentes, de roupa, de peso, de altura, de sapato, de perfume, de marca de cigarro, de carro, de bebida, de médico, de dentista, de barbeiro, de corte de cabelo, de bigode, de praia, de bar, de gosto musical, de livros, de jornais e revistas, de canais de televisão, de programas, de novelas, de amigos, de presidente da república, de plano econômico, de moradia, de rua, de bairro, de cidade, de estado, de país, e até de sexo. Tantas são as mudanças que paramos por aqui, para não nos perdermos com tanta mudança.

Todas as mudanças, de uma maneira ou de outra, são sempre positivas, pois são elas que nos tiram do imobilismo, às vezes físico, às vezes mental, às vezes abrangendo uma gama maior de itens que se transformam. É por causa dela, da mudança, que nos desafia, que nos incomoda, que passamos a reagir, e a repensar nossa teoria, até então confortável, que nada exigia de nós, a não ser aplica-la, e todos os problemas estariam resolvidos. Como se fosse a verdade absoluta, infinita, de que necessitávamos para atender a todos os nossos propósitos.

Mas temos que mudar. E são muitos os exemplos. Vou citar apenas um. Na área de saúde pública. Uma área sabidamente abandonada por vários governos e que hoje retrata o monstro obsoleto e improdutivo em que se transformou a rede pública de prestação de saúde, justamente pelo descaso e pela resistência em relação às mudanças que se faziam e ainda se fazem necessárias. E não são tão difíceis de serem feitas. O nosso exemplo demonstra exatamente isso, que é possível mudar, que é possível melhorar, mesmo que seja um pouquinho de cada vez, mas que seja sempre. Que a mudança seja o paradoxo da verdadeira rotina. Mudar sempre.

Refiro-me à Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor. Referência nacional e internacional no trato de questões afetas aos acidentados, lesados medulares, paraplégicos ou não, gente que, por diversos motivos, acidente de trânsito, aéreos, quedas, tiros, etc teve paralisia parcial ou total de seus membros, com reflexos em seus movimentos, na sua fala, na sua vida, enfim.

E o Sara é totalmente público e gratuito. Vive de receita oriunda do orçamento da União, vale dizer, de nossos impostos. É a melhor aplicação de nosso dinheiro que conheço. Qual o segredo. Administração. Séria e competente. Honestidade. Crenças nas pessoas. Crédito à ciência e à tecnologia. Disposição para mudar, sempre. Respeito aos seres humanos. No Sarah, todas as pessoas, de qualquer classe social, recebem o mesmo tratamento. Não se diferencia nem na hora das refeições. A mesma refeição que vai para a diretoria, o corpo médico e os profissionais de saúde e administrativo, é a mesma que é servida aos pacientes e acompanhantes. Eu estive um tempo por lá. Pouco tempo, mas o suficiente para constatar tudo isso. O Sarah dispõe hoje dos mais modernos recursos tecnológicos, aparelhagens para exames sofisticados, laboratório, equipe de fisioterapeutas competentes, ginásios de prática de exercícios terapêuticos, piscina coberta e aquecida, para a hidroginástica com acompanhamento específico para cada caso. Aulas aos pacientes sobre sua doença, sobre as implicações sociais da doença, sobre o corpo humano, sexo, cuidados com a pele, e até como dirigir, em alguns casos graves, ali é ensinado. E tem a sua oficina própria, onde são fabricados e doados cadeiras de rodas, muletas, bengalas, sapatos apropriados e individualizados e até cadeira de roda eletrônica. Tem a sua equipe de desportistas. Basquete, vôlei, tênis de mesa. É um excelente hospital. Vejamos um resumo de alguns dos seus princípios básicos, afixados em várias paredes:

1. Legitimidade – Pelos respeito aos direitos humanos, às instituições nacionais, à ordem jurídica vigente, aos fundamentos morais e espirituais da nacionalidade e das comunidades a que servem.
2. cidadania – Pela evidência de que na rede hospitalar APS (Associação das Pioneiras Sociais os serviços não são propriamente gratuitos mas na realidade pagos com a moeda justa e pessoal de um povo – os recursos do cidadão – contribuinte – repassados pela União, merecendo, portanto, todos os usuários, igualdade de atenção, de consideração e respeito.
3. Eficiência – Pelo propósito de dignificação e valorização do emprego dos recursos postos à disposição da Rede, de forma econômica e produtiva, com ordenação e disciplina, a fim de que sejam alcançados, incessante e inconformadamente, os mais altos padrões de eficiência.
4. Competência Profissional – Pelo imperativo de ampliação e aprofundamento de conhecimentos, de aperfeiçoamento de métodos e processos, feitos através da vivência hospitalar, da pesquisa, do estudo, do debate, do intercâmbio científico.
5. Ação – Pela permanente atitude de assegurar o primado do entusiasmo, da vigilância, da energia, do ânimo otimista, todas as formas, enfim, do espírito empreendedor, sobre a rotina, a inércia, o marasmo, o comodismo, a acomodação.
6. Criatividade – Pelo gosto da descoberta, da criatividade e da invenção, sempre temperados pelo realismo, pela simplicidade, pela objetividade,e a serviço da eficiência.
7. Renovação – Pela coragem e gosto de conviver com idéias novas, de aceitar seus desafios, discuti-los, comprovar sua viabilidade e coloca-los a serviço da Instituição.
8. Liberdade de Expressão – Pela compreensão da necessidade de tudo fazer para manter e estimular a fluência da informação e a liberdade de expressão dentro da instituição, temperadas pelo respeito mútuo e pela disciplina intelectual.
9. Dedicação Exclusiva - Pela total consagração à instituição e aos usuários, extinguindo os conflitos de interesses.


Este é o Brasil que admiro. Domingos Oliveira Medeiros – 01 de fevereiro de 2002




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