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Poesias-->Últimas notícias daqui -- 10/01/2003 - 10:45 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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Há! Eu sinto falta de muito pouco

Que não tem nesse lugar

Não tem ciranda, não tem baião

Não tem sarau, não tem luar



Tem um monte de asfalto

Parede alta e concreto

Na beira vivem os pobres

Como eu, analfabeto



Promessa de cidade grande

Qual o quê, Vila Vintém

Aí eu era seu João

Aqui sou João Ninguém



Dentre tantos retirantes

Sonhava com vida faceira

Embarquei no pau-de-arara

São Paulo, nova fronteira



Ah! Caetano

Sou mais Belchior

Não vejo a tua ilusão

Ele acertou o pior



Ambos hoje são ricos

Vêem de seu modo a vida

Eu, que não sou artista

Levo essa vida sofrida



Escrevo à toa, assim

Discorro meu desalento

Só teimosia e doidice

Nada com classe e talento



Veja que até já perdi o sotaque

Tô falando umas gírias malucas

Vou entrando na “onda”, como se diz

Senão o cabra caduca



Caduco é doido aí, sabe?

Igual nome de passarinho

Quando voltar te explico esta conversa

Tim tim por tim tim, tudo bem miudinho



Ah! Padrinho, é tanta novidade

Na churrascaria me deixaram de lado

Aqui, até pra servir carne

O caboclo tem que ser letrado



É... aí eu fui pra rua

Dou duro como servente

Cal, cimento, tijolo e ferro

Andaime mina o corpo da gente

Aqui precisaria de uma Princesa Isabel

Crueldade desses encarregados

É fila de gente na espera

‘Nóis toca” em frente calados



Doze horas de batente

Tanto andar que entorta o homem

E a paga? Uma mereca

Pechincha, migalha, salário de fome



Aqui tem uma moda nova

Qual a gente nem se atreve

Pára todo o serviço

Chamam a tal de greve



Palavra estranha, né?

Zum, zum, zum pelo canteiro

Comanda o tal do PT

Na surdina o tempo inteiro



Eu já pensei em voltar

Mas tô todo endividado

É um tal de carnê

Aí oceis chamam fiado



Por conta disso vou ficando

Pois chorar de nada adianta

Aos pouco vou concretando

Toda a minha esperança



Quero voltar! Quero voltar!

Mas voltar pra fazer o quê?

Seca brava leva tudo

Mal se tem o que come



Aí tem mar, forró e lua

Como faz falta, ó chente!

Mas mar, forró e lua

Não enche a barriga da gente



Posso voltar algum dia

Sonho com isso, como não

Mas aqui ainda sou honesto

Aí quem sabe seria...



Ah! Meu povo

Ah! Meu norte

Ah! Gente grande

Ah! Gente forte



Sei que não contei tudo

Aliás, foi quase nada

Mas amanhã pego três ônibus

E já é de madrugada



( Codo. Recife, Pernambuco, dezembro de 2002)

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