O que não mudou
O cheiro da minha roupa
Hoje é sabão em pó
O pranto que chorei por ti
São lágrimas de crocodilo
O barulho gostoso do meu sono
Perturba o teu adormecer
O meu jeito extrovertido, que encantava-a
Hoje é coisa de sem-vergonha
As minhas poesias cheias de amor
Viraram he, he, he
O suor perfumado de meu corpo
Virou cheiro de sovaco
As minhas serenatas em tua janela
Causam-te escândalo, coisa de bêbado
As minhas derrotas
São por você comemoradas
As minhas estórias divertidas
São conversas sem graça
Os meus beijos de mel
Perderam o gosto ao mau hálito
Os meus carinhos que te levavam ao céu
Agora te machucam, te perturbam, te extressam
A minha alegria é a sua tristeza
O meu tudo, o seu nada
A minha vida é a sua sorte
A minha presença te atrapalha
A minha traição não te importa
A minha amizade já basta
A minha casa é feia
Meu carro do passado
Meu rival é o maior
Minha folga é preguiça
Meu amor... o meu amor
É seu amor. Só seu, amor
E ninguém, nem você, poderá muda-lo
Mesmo com tantas mudanças...
Em você
( Codo. Recife, Pernambuco, dezembro de 2002)
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