Talvez por volta de 1920, Fernando Pessoa, quiçá à luz de candeeiro a petróleo, descobre e exprime a fórmula do futuro da portugalidade, no deleite da ginástica mental com que exercitava o cérebro, após constatar os tantos nomes que os homens de antanho tinham posto às terras que habitavam, impérios enormes que a 'pedra-sobre-pedra' tinha soterrado, mas que mesmo assim resistiam ao tempo, perenes na memória colectiva da humanidade que foi, que era e adviria ser, hoje, aonde todos nós estamos de corpo a cumprir a missão da alma, essa incógnita coisinha que nasce e morre connosco, mas que poderá perdurar como os vocábulos que identificam a geografia da nossa tão 'magnífica-e-cruel' existência.
Perante o que vou sentindo e vendo no mundo actual - dependendo e seguindo a imagética 'pessoana' - estou tentado a formulizar, modesto ou imodesto, um outro recado aos vindouros, depois de noites e noites a fio com os miolos a bailarem em redor do candeeiro que me ilumina as vigílias: A MINHA PÁTRIA É O ESPÍRITO COLECTIVO DA HUMANIDADE. A minha língua, de escombro em escombro, não sobreviverá usual; quedar-se-à condensada, como 'Atlântida', em duas ou três palavras pronunciadas noutro idioma: Portugal, Brasil e... praza que em inglês!
Ora, quantos séculos aguardarão os portugueses para perderem a pátria de Pessoa? Ah... isso, não sei, porque não acredito nos predestinados que falam em nome de Deus!
Eugénio Bragal
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