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Ensaios-->Farinha do Mesmo Saco -- 05/01/2002 - 20:08 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Farinha do Mesmo Saco. Ou seria Cimento do Mesmo Saco?



Padeiro, analfabeto, passar no vestibular para cursar Direito não mais espanta. Ainda que fosse, apenas, analfabeto. A bem da verdade, as autoridades educacionais deste país não fiscalizam e nem punem (com deviam) os 'negociantes' do ramo da educação, que enriquecem às custas de mensalidades absurdas, em troca de ensino de qualidade duvidosa, aos olhos de ministros, assessores e até professores, que fazem de conta que ensinam, e, na outra ponta, alunos que fazem de conta que aprendem. O interesse na universidade não é, guardadas às exceções de praxe, buscar conhecimento e formação profissional. Busca-se o canudo para completar as exigências para inscrição e participação em concursos público; e continuar fazendo de conta que trabalha, e o governo fazendo de conta que acredita. Até porque os salários que são pagos aos 'trabalhadores' guardam, na maioria dos casos, estreita correlação entre produtividade e remuneração devida.

E tudo começa pela farsa de alguns vestibulares, quando, por exemplo, não conferem obrigatoriedade, aos candidatos aprovados nas provas objetivas, de participarem da Prova de Redação; e muito menos adotar, como praxe, o caráter eliminatório de que se reveste qualquer Prova de Redação digna deste nome, em face, principalmente, de sua importância para a qualidade da seleção que, em última análise, última análise, cria mecanismos democráticos e necessários para selecionar, dentre os habilitados, os melhores.

Ainda mais em se tratando de vestibular para os cursos de Literatura e Direito, como foi o caso registrado em universidade privada na Cidade do Rio de Janeiro.. É o mínimo que deveria ser feito. Emprestar à Prova de Redação o caráter classificatório e eliminatório. Isto, sem comentar a falha gritante, ocorrida durante o processo de inscrição e de realização das provas, que permitiram, segundo a imprensa, que candidatos analfabetos participassem do evento. A impressão que ficou nos leva a conclusão de que,. salvo prova em contrário, trata-se de um fato 'plantado' pela imprensa. Em todo o caso.

Está claro que o objetivo dessas instituições de 'ensino' limita-se ao preenchimento das vagas oferecidas, em quantidade cada vez maior, sob a complascência e autorização do Ministério da Educação. Ganha-se muito dinheiro para formar desempregados de alto nível.

E veio o governo, de forma apressada e intempestiva, como sempre, pego de surpresa, adotar medidas saneadoras. Como se estas não existissem há, pelo menos, 100 (cem) anos, mais precisamente, desde 1907, quando o Deputado Justiniano Serpa apresentou à Câmara o Projeto 320, adotando o sistema do mérito para ingresso no serviço público.

Relembrando um pouco da história, em 1911, surge o projeto 77 que exigia, como requisito para adquirir a qualidade de funcionário, 'ter a nomeação sido precedida de concurso, em que o candidato haja provado a cultura inicial, literária ou literária e técnica, indispensável a função que vai exercer'. Por sua vez, o Presidente Wenceslau Braz, pelo Decreto 12.296, de 1916, acolheu a legislação sobre os funcionários, convalidando, logo no artigo primeiro daquele diploma legal, o sistema do mérito no estatuto dos funcionários.

Já em 1921, o Presidente Epitácio Pessoa já designava comissão com o mesmo propósito. Submetido ao Legislativo, em 1929, o Projeto 425, a exemplo dos anteriores, também condicionava o ingresso no serviço público a prévia habilitação em concurso. E a Constituição de 1934 criava o título especial sobre os funcionários públicos, inserindo, também, a norma obrigatória do concurso.

Em 1938, já criado o DASP, na Era de Getúlio Vargas, era submetido ao Presidente da República decreto-lei estabelecendo o Estatuto dos Funcionários Civis da União, que manteve o pré-requisito de habilitação prévia em concurso, para provimento dos cargos públicos, situação que prevalece até os nossos dias. Posteriormente, o DASP divulgava Instrução Normativa, segundo a qual a Língua Portuguesa era disciplina obrigatória em todos os concursos públicos.

Se este governo tivesse o cuidado e o interesse de pesquisar o material disponível nos arquivos do extinto DASP, e supervisionasse mais de perto a atuação das instituições de ensino, principalmente as de caráter privado, que custam caro e oferecem, no mais das vezes, péssimos serviços, muito provavelmente teria encontrado farto material para adotar, há muito tempo, medidas efetivamente saneadoras e moralizadoras do ensino neste País. Mas, infelizmente, tal não aconteceu. Parece até perseguição com a Era Vargas.

Primeiro porque, vale lembrar, tanto fizeram que o DASP acabou de vez. Depois, a obsessão para acabar com a Consolidação das Leis Trabalhistas, pela via, discutível, da 'flexibilização', onde os maiores interessados não foram ouvidos: os trabalhadores. Apenas parte dos sindicatos somou forças com o governo. Sem convencer, no entanto.

Finalmente, o pior de tudo: no lugar do DASP e da CLT, duas importantes criações da Era Vargas, o governo não apresentou, em substituição, nada de melhor. De pior, talvez.


Domingos Oliveira Medeiros
Atualizado em 03 janeiro de 2002








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