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Poesias-->No supermercado -- 09/01/2003 - 14:52 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No supermercado



Ah! Dotô com sua licença

Pra engraxa seu sapato

Não custa grande coisa, é barato

E só paga se lhe agradar



Desaregala os óios, dotô

Tenho lá os meus defeitos

Não nego, já fui contra a lei

Mas hoje só ando direito



Caridade me faz se deixar trabalhar

É pechincha, nem dois real

Nem faz cocega na carteira

E não me deixa marginal



Vou sentando, estenda a perna

Diga pro mala que não tô margando

É o jeito que se dá

Quando a fome vem chegando



És gringo? Francês? Americano?

Pelo jeito da fala

Olha só pra esse pano

Dá inté medo de encosta



Do inglês eu só conheço

O tal do y love you

Que quer dizer eu te amo

Muito bonita a tal da Belle Bijou



Não vai acreditar, mas ti amo

Quase ninguém me falou

Minha mãe pra dizer a verdade

E minha nega por necessidade



Tá venda esta receita?

É remédio pro meu amado

Passa a perna direita

Preciso ganhar um trocado



Posso ir devagar, devagarinho

Pra que pressa? Pega mal

Sua mulher enche o carrinho

E o sinhô lê o jornal



Falando em compra, que fartura

Vejo cada rancho que saí

Eu só compro rapadura

É o que dá, nada mais



Em casa tem dia que não se come

Dá vontade de enfeza

Uma vida cheia de fome

Mode desacorsoa

Coisa chique comprou sua dona

Peixe, vinho, bacalhau, camarão

Quanta coisa esquisita

Escargô, caviar, polvo e mexilhão



O meu carinho dá até pena

Fígado de porco, carcaça de frango.; besteira

Quando dá cachaça, pra afoga, sabe?



É gringo. Não minto

Falo sem receio

Pobre em mercado, só passeio

Carinho vazio, coisa barata



Dizem que os states é demais

A tal da superpotência

Lá são todos iguais

Pelo menos na aparência



Quando me disseram

Fiquei desconfiado

Afinal é pobreza braba

Pra tudo que é lado



Vi na TV que estão em guerra

Dois prédios foram por terra

Que tamanha maluquice



Eu fiquei só matutando

Enquanto o Bonner engasgava no ar

Quanto dinheiro botado fora

E tanta boca pra alimentar



Sei que devia ficar triste

Com a desgraça de tanta gente

Mas fiquei sem emoção

Sem entender, indiferente



Não é maldade, não dotô

É falta de vocabulário

Nunca vi escola na frente

Não entendo o noticiário



É muito nome esquisito

Pentagono, Kabul, Paquistão

Uóchito, Bush, Hosama Ladi

O cabra barbudão



É muita coisa pra pobre

Não dá tempo de informa

Mal comento futebol

Que dirá guerra e coisa e tal



Acabei a graxa amigo

Sua mulhe já vem chegando

Paga, agora. Ocê gostou?

Que eu já vou me arretirando



( Codo. Recife, Pernambuco, dezembro de 2002)

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