Usina de Letras
Usina de Letras
169 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62188 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10352)

Erótico (13567)

Frases (50593)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Ensaios-->Qual Fado... Qual Carapuça! -- 27/12/2001 - 12:47 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

As intantes conveniências existenciais de cada época constituem a prensa que deforma a autenticidade histórica, tal como preciosa moeda sujeita a um lento e compacto aperto. Metamorfoseiam-se Deus e César até tê-los entre nós, aos milhões, de fato e gravata. Por certo, temos apenas que um presumia, em nome dum pai celestial, ter o mundo e o outro queria possuí-lo.

Dlim-dlim... dlim-dlim...
Sem ti guitarra
O que seria de mim?!
Dlão-dlão... dlão-dlão...
Sem ti viola
Não tenho consolação!

O Fado é tão só um chôro que consola e acontece em qualquer canto da terra, tenha ou chamem-lhe os nomes que quiserem, tamborilem-no, orquestrem-no ou, por birra, deixem-no apenas pela voz. Ima Sumac teve um jeito singular e sublime de transcendê-lo; a Severa, tal qual chicote sobre baios, zurziu-o entre as cópulas enamoradas de ciúme; Piaf e Brel fizeram e cumpriram Fado além da fatalidade; Amália cunhou-o de portugalidade e deu-lhe dimensão universal, pranteando-o aos mais estranhos idiomas. Há cinquenta anos que entre guitarras, violas e vozes, o ouço como jazz, consoante quem o toca e interpreta. Não enfiem pois a carapuça aos incautos entre a chusma de argumentos desnecessários que os peritos do pavoneamento usam para se eriçarem.

Quem nunca se dispôs a ouvir e a sentir o Fado em 'ambiente próprio', saboreando-o na mente e na pele, sabe lá o que é o Fado que se canta de voz a arder no peito. Num palco, num acetato, através da rádio ou da televisão - desculpem-me a pertinência da afirmação - isso não é Fado. É como olhar para uma foto sem nunca ter conhecido a pessoa.

Sobre os fados da minha cidade (Porto) fala-se e diz-se tanto, mas no fundo a essência real sai sempre truncada pelas hesitações da conveniência futurista. De Samuel e António Paixão, Álvaro Martins e Mário Lopes, Armandino e José Maria de Carvalho - só alguns - fala-se deles em família, sob o secretismo das particularidades e, no entanto - como incisivamente dizer? - foram e são Fado sem preservativo, tal qual a preciosa moeda a quem a prensa do preconceito tenta deformar a cara e a corôa. O tempo é curto e pouco, o mundo é pequeno e eu estou chaínho! Fado é sentir nas minhas mãos as formas do teu corpo...

Torre da Guia




Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui