Céu cinza claro,
céu cinza escuro,
tempo encardido,
chuva iminente,
sombrinhas ao ar.
Quem corre da chuva
buscando abrigo,
não vê a agonia
do pobre menino
sentado na praça,
sem teto, faminto,
que treme e estremece,
que gela e padece,
sem pressa de chegar.
Sua espera infinita
não cessa, nem abranda.
E tal qual relâmpago,
como um raio que passa,
deixando nas ruas
o sulco das águas que caem,
sua face cinzenta,
sem brilho e sem vida,
encardido reflexo,
revela por inteiro
as marcas profundas
das lágrimas que rolam,
tal qual a chuva que cai.
Carmen Goldmann Scherer
SANTA CRUZ DO SUL, 12 DE JULHO DE 2000
Nestes dias chuvosos e frios, aqui no Sul não é difícil encontrar inspiração.
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