156 usuários online |
| |
|
Poesias-->Gritos -- 09/01/2003 - 14:40 (Clodoaldo Turcato) |
|
|
| |
Gritos
Gritos, gritos e mais gritos
Solidão entre montanhas de gente
Angústia em névoa
Mascarada em alegria artificial
Olhos denunciantes, tapeados pela maquiagem
Lágrimas contidas num protesto vulgar
Marcas produzidas para aumentar a individualidade
Casas pré-fabricadas, boas pra se ficar só
É o homem que sonha ....só sonha
Sabe que a união é o jeito
Mas fica sem jeito para se unir
Para se abraçar, para renascer
Gritos mudos, para surdos ouvirem
Gente com frio.; gente com fome
E os planos criados em mesa farta e lareira
Sem urgência, afinal estão aquecidos...estômago cheio
Por falta de confiança, criou-se a burocracia
Que mal grafado está
Melhor ficaria “burro-cracia”
Muita burrice
Armazéns lotados de grãos, que não eram podres
Casas quentes, vazias
É tão complicado ser simples
Fraternidade não combina com livre-comércio
Não combina com iniciativa privada
Com recursos financeiros, com dólar
Salve-se quem puder e quiser
Quem tiver o privilégio dos privilégios
Quem for “cidadão de bem”
Quem esconder-se na hipocrisia da honestidade
Amai-vos uns aos outros, ou
Amai uns, nunca os outros
Para que o certo fique duvidoso
O exemplo manchado
Pecados por todo lado
Na proporção em que as crenças surgem
É o livre mercado das orações
E das salvações imediatas
Tudo gira
O mundo gira
O dinheiro gira
O sexo gira
Arrastam-se multidões enfileiradas
Com pouco a dizer, nada a reclamar
Só ódio.; só solidão.; só descaso
Nem da violência se grita, nem do político
E chega-se ao final da vida
Para o ultimo grito
A fuga da vida
O esmero direito de não gritar mais
(Codo. Recife, Pernambuco, dezembro de 2002)
|
|