'Foi encontrado no bolso de um cadáver, quando se preparava para a
autópsia,
a seguinte carta:
Excelentíssimo Senhor Delegado do Ministério Público: Suicidei-me!... Não
culpe ninguém pela minha sorte. Deixei esta vida porque um dia a mais que
vivesse acabaria por morrer louco.
Eu explico-lhe Senhor Doutor: Tive a desdita de me casar com uma viúva,
a qual tinha uma filha; se soubesse isto jamais teria casado.
Meu pai, para maior desgraça era viúvo e quis a fatalidade que ele se
enamorasse e casasse com a filha da minha mulher.
Resultou daí que a minha mulher se tornou sogra do meu pai. A minha
enteada
ficou a ser a minha mãe e o meu pai ao mesmo tempo meu genro.
Após algum tempo, a minha filha pôs no mundo uma criança que veio a ser
meu
irmão, porém neto da minha mulher que fiquei a ser avô do meu irmão. Com o
decorrer do tempo, a minha mulher pôs também no mundo um menino que
como irmão da minha mãe, era cunhado de meu pai e tio do meu filho,
passando a minha mulher a ser nora da própria filha.
Eu, Senhor Delegado, fiquei a ser pai da minha mãe, tornando-me irmão dos
meus filhos, a minha mulher ficou a ser minha avô já que é mãe da minha
mãe,
assim acabei sendo avô de mim mesmo.
Portanto, antes que a coisa se complicasse mais, resolvi acabar com tudo de
uma vez. '
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