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Artigos-->POR UMA LÍNGUA PIOR - O MEC PISA NA BOLA -- 30/05/2011 - 07:32 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 












                            “POR UMA LÍNGUA PIOR?”



 



                               Francisco Miguel de Moura*



 



O tiro recente sobre a nobre língua portuguesa assanhou os amantes da língua de Camões, Machado de Assis, Euclides da Cunha, Rui Barbosa, Drummond, Olavo Bilac e Gonçalves Dias, que devem estar tremendo em suas sepulturas. Trata-se da consagração da ignorância distribuída pelo Programa Nacional do Livro Didático, por todas as escolas do ensino fundamental do Brasil, através do livro “Por uma vida melhor”, de Heloísa Campos. E não foi a primeira vez que o Ministério da Educação bateu fofo, sob a batuta do PT. Enumeremos alguns outros recentes: A fraude do Enem, em 2009, quando foram roubadas provas dentro da gráfica responsável pela confecção dos testes; no ano seguinte, os erros na impressão das provas; a denúncia de fraudes no Prouni, com estudantes beneficiados pelo programa, os quais não se enquadravam nos limites de renda; o episódio da sobra de vagas, principalmente no caso das bolsas parciais e no programa de educação à distância, o que demonstraria uma falha administrativa, são os apontados pela revista “ISTO É”, desta semana (25.5.2011). Além disto, é notório que as entidades internacionais de fomento não se cansam de advertir sobre o grande gargalo do desenvolvimento do Brasil: o baixo nível da educação – tudo isto para resumir a miséria a que foi relegado o futuro da juventude brasileira.



Foi um susto, pois é insensata e inaceitável a autorização e distribuição de um livro que trata mal a língua portuguesa, ainda mais porque sua presença abrangerá toda a rede de escolas do ensino fundamental, com finalidade didática, isto é, para ser um instrumento de aprendizado, onde a fala errada do povo é lecionada como português correto. Sinto muito, orientadores do MEC, que vocês considerem corretas as expressões como “Nós pega o peixe”, “os menino pega o peixe” e outras semelhantes, ensinando às crianças como dignas de serem faladas e escritas. Dessa forma, os meninos não pegarão jamais o peixe.  Ao contrário, vão, sim, pisar na bola, como a autora, quando forem redigir uma carta ou ofício, quando forem fazer um concurso, quando... Em tudo. As línguas têm sua variante familiar, doméstica, que não precisa ser ensinada, e o seu padrão normal, oficial ou clássico, como o queiramos chamar, que deve ser o ensinado na escola, pois não se elevará jamais o padrão educacional do povo, nivelando-o por baixo. Quem estudou Lingüística, matéria nova, no curso superior, sabe que é ciência, é experimento. Mas, na escola fundamental, estuda-se mesmo é gramática e leitura dos bons autores, para uso durante toda a vida. Os defensores do erro são certamente pseudos intelectuais ou políticos frustrados, travestidos de cientistas, que apostam na ignorância do povo, para terem votos e consciências compradas para sua eleição, ou para a aquisição de seus altos empregos burocráticos. Se há falta de escolas, vamos criar mais; se há deficiências na educação, vamos supri-las... O certo e o errado são distintos como a água e o fogo, senão dois mais dois seriam cinco, e valem enquanto permanecem os princípios em que se arrimam. Não importa a letra da canção. Assim devem ser os livros da escola.  É preciso compreender que todas as nações têm seus símbolos sagrados: a bandeira, o hino, a língua... E o direito à comunicação oral e escrita pela língua oficial é sagrado, faz parte da cidadania. Um erro gramatical é um erro contra todos que falam aquele idioma. Napoleão Mendes de Almeida, famoso gramático de várias gerações de brasileiros, escreveu: “A língua é a mais viva expressão da nacionalidade; saber escrever a própria língua faz parte dos deveres cívicos”. E o povo somos todos nós, não apenas os pobres incultos, e estes têm de ser incluídos não somente através dos direitos ao trabalho, à justiça, à saúde, à segurança, mas também através do direito à educação. “Por uma vida melhor”, livro de HC, distribuído às escolas, deveria ter o título de “Por uma língua pior”, não acham, leitores? Nós, professores e escritores, vivemos criticando a TV Globo, por causa de alguns erros de pronúncia que por ela circula. Pronúncia é fala. Mas, agora, esta não. “Verba volant, scripta manent”. A sacralização de erros didáticos, na escrita e, por extensão na arte e em documentos, é demais!



Não temos nada contra quem escreve e publica livros errados, polêmicos, sei lá.  O direito à liberdade de opinião é de todos. Cada um responderá perante a polícia e a justiça, por seus pecados. Mas, o MEC, órgão oficial, que tem a obrigação de cuidar bem e da melhor maneira possível do setor educação, não pode ser poupado. O caso é indefensável, por mais que alguém queira forçar a barra. Os governantes destes últimos anos, depois do governo Fernando Henrique Cardoso, precisam acordar, ou aprender, que o povo não é somente o pobre, o sindicalizado ou, sem generalizar, quem tem ficha no PT. O povo são todos, ricos e pobres, brancos, pretos e amarelos, japoneses, alemães, polacos, católicos, evangélicos, budistas ou judeus, eleitores do partido A e do partido B. Entender os princípios que norteiam a nação brasileira é o começo da integração.  Em seguida, é só estudar, trabalhar, amar e viver a cidadania a que tem direito.



________________



*Francisco Miguel de Moura,escritor e membro da Academia Piauiense de Letras.


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