Eu mesmo não conheci Otacílio,
sempre ouvi de longe a sua arte,
recebida com louvor em toda parte,
declamada em igrejas e comícios.
Bonita como fogos de artifício
sua letra bem escrita e bem deitada,
alegrou nossa terra tão rachada
elevando o mais simples coração,
de Tambaú ao fundo do sertão
com seu cacho de poesia abençoada.
A harpa que toca o som divino
por certo saberá reconhecer,
que o filho que fez por receber,
na terra foi um poeta fino.
Um coração bondoso de menino
que soube cantar seus sonhos ternos,
cumprindo aqui 80 invernos,
quantas primaveras de desejos
raios de outono e seus lampejos
para alcançar seu verão eterno.
Fazer aqui a minha louvação,
a um poeta que partiu potente,
pelo legado que deixou pra gente,
pra se guardar em cada coração.
É meu dever de filho do sertão,
fazer soar o sino que dá brilho,
fazer do poeta um estribilho,
dar asas ao peito que se foi,
montado no melhor carro-de-boi
pra ser no céu o mais novo filho.
Somos os desejos que ficaram,
os filhos da terra, seu poente,
de Otacílio sejamos penitentes,
de versos que aqui inda sobraram.
Nos velhos versos que brotaram,
de nosso poeta mais saudoso
façamos o dia mais ditoso,
a noite nos seja gloriosa,
que o cantador nos inspire prosa,
e Otacílio continue famoso.
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