A vida da vida é sem tempo, um tempo sem tempo, perfeito.
A vida da morte é bem curta, um instante de desacerto.
A morte corta a vida ao meio, leva consigo o inteiro.
A vida e a morte se opõem, qual pensamento imperfeito.
Beijos refeitos, inteiramente vivos, perfeitos.
Mirinha
abril, 2001
O tempo da vida é só um pouquinho, um vento ligeiro.
O tempo da morte é a escada, nosso ônibus prá casa.
Talvez a morte nos cause tanta tristeza porque nos prove que não
somos donos de nada, nem de ninguém. Tudo nos é emprestado, tudo nos
vai ser tirado.
A condição humana pode ser bem mais simples se lembrarmos do tempo em
que nossa alma ficava no coração, não no cérebro.
A vida pede a morte desde seu primeiro instante, não como um oposto,
não como um corte, só como sua sequência.
Ninguém morre.
Beijos ainda imperfeitos, mas já eternos.
Johnny
abril, 2001
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