149 usuários online |
| |
|
Poesias-->Choremos mundo -- 08/01/2003 - 14:55 (Clodoaldo Turcato) |
|
|
| |
Choremos mundo
Eu muito pouco choro
E o pouco que choro
Nem deveria ser chorado
Choro como as gueixas
Com um manifesto
De não ter coragem de chorar
Embora as gueixas
Sejam bem mais nobres
Que o meu choro fraco
Derramo-me em lágrimas
Por pouco, quase nada
Vasculhando um motivo justo
Minhas verdades resumidas
Minhas mazelas contidas
Borram o rascunho que sou
Ó vida amada!
Como tenho te utilizado
Mal utilizado, se diga
Corre o pranto pelo rio
Consome-se tempo e resposta
Minha vida por um fio, em postas
A rima fica turva
Num poema fosco
Que a lágrima liberta
Não concebo pranto vão
Nem matizes delgadas
Inconformo feito feto
Ó choro nascedouro!
Primórdio de outros tantos
Em vidas que titubeiam
Sejamos fracos
Choremos muito
Choremos pouco
Mas sejamos francos
Chora-se na alegria
Chora-se na tristeza
Em tudo
O choro é acréscimo
A nossa incrível aridez
Regando solo encalvo
Quando rola o pranto amargo
Mesmo o homem mais duro
Põe a mostra seu coração
E assim constata-se
Que ainda se emociona
E que o mundo ainda tem jeito
( Codo. Recife, Pernambuco, dezembro de 2002)
|
|