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Ensaios-->Elogio a AMÉRICO PISCA-PISCA -- 27/02/2001 - 06:37 (VOGELHEIM) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ora, ora... quem diria que uma das coisas que mais nos faz falta, neste mundo atribulado e acelerado, é justamente o hábito de pensar, de 'filosofar' modestamente sobre as pequenas e as grandes coisas, avaliando nosso dia-a-dia. As responsabilidades e obrigações da nossa modernosa realidade acabam nos relegando a uma situação de quase-robots, sem tempo ao menos para piscar. Acredito que você mesmo, nobre leitor, já deve ter passado por situações absurdas de não ter tempo nem mesmo de ir ao banheiro, sem contar com as refeições 'perdidas' (secundárias), com uma dolorosa falta de tempo para assistir um ente querido num momento crucial de sua vida. Isto configura o típico absurdo que não nos causa maiores espantos no momento em que somos confrontados com estes dilemas, mas que 'na calada da noite' acaba nos dando 'tratos à bola'. Isto porque na nossa 'escala de prioridades', colocamos o 'ganhar o dinheiro' acima até mesmo do viver. Nossas mentes estão tão condicionadas para sobrevivência, que nos recusamos a raciocinar sobre a definição de sobrevivência, num contexto em que 'pensar sobre a vida' é coisa para vagabundos, desocupados, ou 'quem já está com a vida ganha'. Bem, eu estou com minha saudosa e falecida avó, que passou a sua vida inteira 'trabalhando igual a um cachorro', seja no mercado, seja no lar, e que dizia: 'quem trabalha muito não tem tempo para ganhar dinheiro...'. Bem, o que estou querendo dizer é: por mais paranóico que pareça, existe um complô estabelecido no intuito de que as massas não pensem para trabalhar (pelo menos não profundamente) e trabalhem sem pensar. Quem pensa, enxerga melhor. Quem enxerga melhor, acaba tentando compreender. Quem busca compreender, acaba tendo que criticar. Quem critica, acaba contestando o 'status quo'. Quem não se enquadra na máquina é uma peça defeituosa, que deve ser substituída, apartada do mecanismo. a escalada não é necessariamente desta forma, mas é por aí... A gente acaba com medo de pensar, para não se complicar, para não ter que dar de cara com a verdadeira realidade. A gente se robotiza pra não pensar, pois pensar 'dói', faz mal pos negócios. A gente não pensa porque tem medo, e o medo (como já dizia Frank Herbert, autor de 'Duna') é a morte da mente. E depois reclama da vida, sem entender porque a saúde da gente se esvai, porque nossos filhos são tão infonformados ou desnorteados, porque 'a gente faz tudo certo' e quando chega na nossa vez 'tudo dá errado'. Neste momento me vem à cabeça a estória de Américo Pisca-pisca, o reformador da natureza, contada de forma tão singela por Monteiro Lobato na sua obra 'Fábulas'. Américo era destes idiotas que achava que o mundo estava cheio de imperfeições, e que se ele tivesse poderes para consertar a Criação faria algumas mudanças. Por exemplo, porque uma árvore tão robusta como a jabuticabeira suportando frutos tão diminutos, e as abóboras, imensas, obrigadas a rastejar pelo chão imundo? Colocaria as abóboras em árvores, e as jabuticabas no rés do chão! Sua sanha reformista foi precocemente descartada, quando ele resolveu tirar uma soneca ao pé de uma jabuticabeira, sonhando com suas mirabolantes revoluções, e foi acordado com a queda e uma jabuticaba bem no meio de sua testa. E se tivesse sido uma abóbora? Filosofou e calou... Mas, caro leitor, que tipo de árvore produz jacas? Seria uma 'mangada' robusta e de grande altitude menos mortal que uma 'jacada' de baixa altitude? Seriam os vegetais que modificamos radicalmente ao longo dos séculos (milho, tomates, trigo, arroz, etc.) mais ou menos úteis que suas espécies originais? Será que a alteração do curso de um rio, ou a modificação da cobertura vegetal de uma região, ou a extinção das baratas redundariam sempre e inequivocamente em tragédias ambientais? Será que tudo é imutável, que nossa rotina é imutável, nossas instituições são infalíveis e intocáveis? Será que existe somente um meio acertado de conduzir cada coisa? Será que não podemos nos dar ao luxo de pensar um pouco mais sobre tudo, evitando 'engolir' soluções prontas sob alegação de falta de tempo, e assumindo um pouco mais de responsabilidade sobre nossos destinos, tanto coletiva como individualmente? Coitado do Américo, que ousou pensar, mas pensou pouco. Ousou olhar com outros olhos, mas desistiu na primeira nuvem de poeira. Desistiu à simples visão da primeira contrariedade. E se ele passasse a dormir à sombra das amoreiras, ou dos jacarandás? Seu único erro foi não insistir. Sua falha foi pensar pouco, pensar pequeno. Seu grande mérito foi ousar pensar diferente, contrariando o incontestável (?!?). Américo, você é um herói...! Américo, parou por quê...? E você, leitor, já pensou um pouco hoje...?
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