Dia desses eu discutia via email - o fórum pós moderno dos nossos questionamentos - com um amigo, ligado durante certo tempo com a MTV, sobre a alteração em sua programação, ocorrida há algum tempo atrás, ano passado, se não me engano: a emissora reavaliou toda sua programação. Sei que dizia o vivente pelo email:
'(...) Sem grana nada se faz. Não estou defendendo a MTV [DE MANEIRA ALGUMA!!] mas até eles resolverem baixar as calças, a MTV só fechava o ano negativo, ou seja, durante 8 anos a MTV deu prejuízo pro Grupo Abril. Chega uma hora que tem que resolver: ou fecha ou muda e abre as pernas. Optaram pela segunda opção... o que eu não propriamente discordo, apesar dos pesares. Mas, convenhamos, a MTV é chata pra caralho. Isso sempre foi e não mudou agora... é que como eles resolveram assumir que estão mais pop, todo mundo mete o pau. Se toda essa mudança [insisto, pra mim quase não mudou nada] tivesse sido feita sem o estardalhaço que foi, aposto, NINGUEM ia falar que estava ruim ou que tinha piorado muito...'
Acredito que ele pegou o ponto certo da questão. Falo isso após acompanhar de perto o tal lançamento do Diário Gaúcho, aqui no Sul. Uma parafernália de 'teóricos, comunicólogos, e candidatos a tal' se puseram a falar sobre o dito jornal. A maioria metendo o pau, obviamente. Pros 'estrangeiros' explico. O Diário Gaúcho é um jornal que se auto explica como 'popular'. É produzido pela RBS (a globo gaúcha) e está na praça a algumas semanas. Me disseram que ele parece com o Notícias Populares (SP) e o The Sun (Inglês), mas como sou ignorante e não conheço esses dois, fica o registro das comparações. O fato é que o tal Diário Gaúcho, é um jornal popular (segundo a definição dos idealizadores), e o preço comprova: 25 centavos. Comparando com a Zero Hora, o jornal de maior expressão da RBS, com o preço de uma Zero dá prá comprar 4 Diários Gaúchos.
Mas aí entro no que o tchê falou. Todos meteram o pau no tal jornal: 'porque é chinelo', 'porque só falta soltar tinta', 'porque os assuntos são cheios de sensacionalismo'. Tá, e aí?. Sem em hipótese alguma defender o jornaleco, pergunto: qual a novidade nisso tudo? O preço, talvez.
A todos esses que criticam: o que tem no Diário Gaúcho que não tenha na Zero Hora, no O Globo ou em qualquer revista Contigo ou Ana Maria? Aí todos vêm dizer que o povo é burro por comprar o Diário. E esses, são espertos por comprar a Zero, ou a Caras? Se a Caras tem seção de fotos dos famosos, que tem de mal publicar no Diário Gaúcho uma foto de um estranho e colocar no box: 'se você é essa pessoa, apareça na redação prá ganhar um brinde'. A questão aqui é apenas no número e grau, já que a mídia, num todo e salvo exceções que só confirmam a regra, são uma coisa pastosa e homogêneamente gelatinosa: metade imprensa, metade sensacionalismo-futilidades baratas.
O que quero dizer, é algo muito a ver com o dito por meu amigo: se não fosse o alarde da mídia, e o consequente viés pseudo-teórico dos 'analistas midiáticos' que estão em salas de aula, paradas de ônibus e etc, com seus pensamentos do tipo 'a grobo qué dominá o mundo' ou 'morte ao Sirotsky, o Roberto Marinho dos pampas' ou ainda 'o povo é ingnorante' quem iria notar nessas coisas? Se o brasileiro que compra o Diário é burro, o inglês que lê o The Sun é o quê? Um doutor em comunicação? E olha que lá é primeiro mundo.
O fato é que é moda falar mal da mídia e isso é uma característica global. Porém, é a crítica sem levar em conta as bases que permitem a formação de tais situações. É tri criticar o Diário Gaúcho, é tri meter o pau no Ratinho, é tri, é intelectualóide, e acima de tudo, é CLICHÊ! (assim mesmo, em letras graúdas!). Todos sabemos que no final o que nos agrada é isso mesmo: baixaria e polêmica. Criticar os media faz parte de um sentimento global, o que comprova que todos os países, especialmente os de primeiro mundo, também tem os seus 'Ratinhos' e 'Gugus'. Uhu!, nós não somos os únicos! E além de tudo, pasmem, a qualidade da produção da TV brasileira está entre as melhores do mundo.
Mesmo assim é 'in' as pessoas, em parte tentando assimilar o processo midiático, em parte querendo se mostrar a par da sociedade informacional que somos, esboçar pensamentos do tipo 'olha só, eu falo mal da mídia, eu estou por dentro do mundo e não sou enganado', mas em nada modificar seus hábitos. Ao contrário, continuam lendo pouco, vendo TV no Domingo, e tendo atitudes estranhas como assoar o nariz e pagar IPTU. Acho tri, mas falo mal. Que mal tem?
