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Ensaios-->Das propagandas iguais em dias diferentes -- 13/10/2000 - 04:02 (Samuel Ramos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
- Prefácio -

Este texto foi psicografado no início de Junho de 2000, antes de iniciar a propaganda eleitoral do referido ano. Ele deveria estar desatualizado, mas, tal como a propaganda, ele não muda, apenas se recicla...
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Após alguns dias de observação atenta ao programa eleitoral transmitido na televisão e no rádio, uma conclusão será inevitável. As cenas que você provavelmente viu, ou verá, se realmente tiver a paciência e o bom humor para ficar em frente à televisão, seguirão uma lógica bastante linear: o candidato à prefeito, ou vereador, abraçou crianças e velhinhos na periferia e organizou inflamados discursos ideológicos, apresentando soluções plausíveis para todas as mazelas sociais.

No palco, com ele, como que reiterando e apoiando suas teses, personalidades do mundo artístico e cultural. No caso de candidatos que não dispõem de verba suficiente para sua campanha, aparecerão somente alguns personagens políticos. A massa, em êxtase apoteótico, celebrará a pauta do discurso político e ideológico do candidato cantando refrões rápidos do tipo “eu te amo”, “segura o tchan” e “mexe as cadeiras do senado”. É bem provável, também que algum dos candidatos promova ataques contra a integridade moral do adversário, através de histórias (reais) ou estórias (estapafúrdias). Tudo seguindo uma lógica bastante peculiar de se fazer política.

Nessa lógica peculiar, nota-se que cada vez mais a política liga-se aos meios de comunicação. Na última década, em especial, a televisão e o rádio transformaram abruptamente o fazer político. Tivemos um presidente eleito e deposto pela mídia, o que é um exemplo que cabe em si mesmo e dispensa comentários e longas divagações sociais ou políticas.

Porém, mais relevante ainda, é o fato de que a maioria dos programas políticos, de gestão social e econômica, parecerem estar completamente sintonizados com a realidade televisiva. Não é nenhuma novidade que a política hoje passa pela televisão antes de chegar ao povo, se é que chega. A política é feita pela televisão sim, o que não chega a se tornar uma problemática social. A estranheza desse processo ocorre quando a política é feita para a televisão. Alguém mais sóbrio já disse que os governos da atualidade acabam quando se desliga a telinha.

Além disso, nas próprias bases populares, o modus operandi político se alterou. Talvez seguindo a lógica secular do pão e circo, as próprias aparições públicas, os chamados comícios se hidridizaram em espetáculos midiáticos, protagonizados pelas mais diferentes esferas da produção cultural e social. A exacerbação das manifestações culturais e ideológicas formou o “showmício”, um misto de show pirotécnico mesclado com propostas partidárias. Na busca pelo sucesso eleitoral utilizam-se espetáculos, como que associando a grandiosidade do evento e das produções com a qualidade do candidato ou partido.

Evidente que o modelo não pode ser condenado, afinal vivemos em coletivos, e uma coletividade requer um modo massivo de fazeres comunicacionais. Porém chama a atenção o despreparo e a repetição do óbvio nas campanhas eleitorais. Parece ser muito mais importante aparecer bem no vídeo, ter uma oratória convincente – mesmo para dizer nada – e uma dicção pausada. Mais que isso, a qualidade pessoal e o conhecimento político deveria estar sendo postos em primeiro plano. Mas, infelizmente, o que têm-se visto nas propagandas eleitorais é justamente o contrário, com candidatos utilizando-se de formas chulas e grosseiras de se fazer política.

Há quem creia que os dias são todos iguais em horários diferentes. Mas uma coisa parece se cristalizar no cerne da produção midiática da política: os programas podem ser iguais, desde que sejam veiculados em dias diferentes.
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- Posfácio -

Não se desespere. Em 2002 tem mais.
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