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Ensaios-->Amor -- 07/10/2000 - 19:17 (Helga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Amor, impulso fundamental da Vida, força de coesão que rege o Universo, sentimento divino de eterna evolução, encontrá-lo-emos sempre indestrutível, em formas infinitas, em todos os níveis. No homem, o amor pode evoluir até o superamor espiritual, o amor místico e divino, êxtase supremo possível que ele experimentou, a mais tempestuosa das conquistas, onde se empenharam todas as forças da vida.

Naquele instante, nesta ordem, seu desejo se tornou a soma de todos os desejos que ele tivera até então; seu afeto, a soma de todos os seus afetos; seu amor, a soma de todos os seus amores. Um amor tão formidável, tão intenso, tão imenso que preencheu todo o seu corpo, concentrou-se quase que dolorosamente em seu coração e, não cabendo nele, explodiu o seu corpo físico, desmaterializando-o num gozo real e altíssimo, fenômeno não assexual, mas supra-sexual, estendido para o seu termo complementar que estava além da vida física, no seio das forças cósmicas.


Na solidão dos silêncios imensos, com a alma hipersensível estendida e aberta a todas as vibrações do infinito, num impulso frenético e impetuoso para a vida de todas as criaturas irmãs, pairando num céu espiritual colorido e luminoso, ele estava com o Invisível, ao qual estendia os braços na ânsia de um supremo e amplíssimo abraço. Algo de sagrado lhe respondeu do Imponderável, fazendo com que ele se sentisse nutrido, acarinhado, saciado, pleno e inflamado. Num incêndio espiritual que tornaria cinzas qualquer ser comum, ardeu um amor que abraçava o Universo, que era abraçado pelo Universo, num misterioso êxtase de sobre-humana paixão. Deus, realmente, é o Amor!

Esta visão, este sentimento, este êxtase é uma coisa sagrada que se esconde aos olhos de estranhos como que temendo uma profanação. Algo de sagrado existe, verdadeiramente, nesta comunhão da alma com o divino. Só ao pulsar deste grande amor o imenso mistério se abre e se revela: ele só responde a quem sabe bater à sua porta.

É necessária uma coragem louca, uma vontade desesperada, um ímpeto frenético de imensa dor, de imensa solidão cósmica, de imensa saudade do céu, um impulso que não mede as profundezas do abismo ao se atirar nele. Só então caem as barreiras, e as fronteiras do conceptível dilatam-se subitamente, revelando o Inconcebível. Mais do que uma contemplação, isto é a atuação, em seu ser, de uma Perfeição Superior e de uma Harmonia Universal, uma conquista de valores imperecíveis, a criação de um organismo espiritual de rara beleza.

Resultado de imenso trabalho no tempo, de esforços árduos em encarnações anteriores, ele vive numa dimensão conceptual, profunda e resignadamente solitário. Incompreendido por seus pares, retornado dos céus, sente-se como um exilado na terra, em resgate ou em missão, e sonha com sua pátria distante. Mente supersensitiva que percebe as verdades de imediato, por intuição, ele sente como se nada mais tivesse a aprender, mas somente a recordar e revelar. Isolado em seus infinitos horizontes, ele tem seus amores e seus pudores, mas quando sua alma se abre diante do Infinito, quer ficar sozinho. Assim, suas relações sociais são relações de esforço, não de compreensão; muitas vezes, são relações de perseguição.

E agora? O que ocorre com esta individualidade espiritual mergulhada na carne de uma personalidade, se são a mesma pessoa, individualidade e personalidade fundidas no mesmo organismo?

A diferença de nível produz uma desproporção imensa; não se esboça qualquer compreensão entre ambas; o desequilíbrio entre a alma e o mundo é insanável; impossível é a conciliação entre a natureza divina e sua vida comum.

Assim segue o Iluminado, solitário e dolorido, mas cônscio do seu próprio destino; incompreendido e gigantesco; iconoclasta de ídolos e mitos da multidão; atordoado pelo ruído ensurdecedor da vida comum; desatento e incapaz socialmente porque sua alma é toda ouvidos para um canto sem fim que lhe sai de dentro e voa ao encontro do Infinito. Estranho sonhador preso à terra e envolto pelo sagrado, tormento da evolução, absorvido nos ócios fecundos em que amadurece seu trabalho íntimo e invisível, ele anda por aí, disfarçado de comum, só que sofrendo por uma paixão que nenhum homem, mas só Deus é capaz de compreender e entender.

A massa diz: 'louco!'. A ciência aponta: 'neurótico!'. Mas ele não pode mais descer; sente seu Eu gritar e não pode mais calá-lo. Ele não é um corpo apenas, como os outros: é, acima de tudo, uma alma!
Helga

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