Nunca nos perguntamos a respeito das origens das regras de trato social que imperam na sociedade, tampouco questionamos suas acepções e finalidade. No entanto no texto Totem e Tabu de Rudolf Von Ihering, o autor nos leva a uma viagem histórica para explicar as nuanças das relações sociais que determinam os costumes e que ate hoje imperam em nossas vidas.
A explicação das relações totênicas se desenvolve com os primitivos. Estes acreditavam que descendiam de algum animal, vegetal ou um ser inanimado que representasse a força, destreza e coragem. O Totem seria essa essência ou seja, uma entidade que representasse as aspirações de uma tribo, como o tigre por exemplo; pois este animal é forte, ágil e predador. Os vegetais também podem incorporar essas relações como por exemplo as plantas medicinais, que em tribos indígenas podem representar o Pajé.
O Sistema toténico originou o conceito de incesto, através de uma complexa relação de permutação entre os relacionamentos sexuais, principalmente entre parentes, por exemplo. O pai pode Ter relações com a filha e com a mãe. Porem os filhos não podem se relacionarem com as irmãs ou irmãos. Daí tem se a essência do incesto, dando origem ao Tabu.
O Tabu é algo intangível e inviolável, dão origem as regras sociais que não podem ser descompridos; Tem um ar místico. O Tabu possui um ar místico, pois é uma condição hierática (sagrado) legitimado pelo Totem. Quando o tabu é desobedecido, o indivíduo que o fez se torna impuro atraindo maldição sobre sua tribo, e é por isso que a pessoa que o descumpriu tem que ser punido.
A partir daí, podemos fazer um paralelo com a sociedade, pois quebrando um tabu a pessoa se torna um exemplo que pode ser seguido. Com isso tem se a necessidade de criar regras de relações sociais passando ate mesmo por leis para garantir a ordem institucionalizada, não ocorrendo a anarquia generalizada. Se formos além da discussão, entrando no campo do direito, poderíamos pensar que o Direito Natural nada mais é do que os Tabus impostos que são atribuídos a valores universais.
Algumas relações de Tabu, como em relação aos mortos tem sua explicação pelo fato dessas entidades terem inveja dos vivos, pois estes podem usufruir dos prazeres materiais e carnais da vida mundana. Por isso era proibido pronunciar os nomes dos mortos, porque se encontravam em um estado de muita tristeza e privações, podendo então o morto, com inveja, difamar pragas na sociedade.
As relações do Tabu podem ser encontrada em todos os campos da vida do homem, que procurando sua essência atribuem-se um totem que é preservado pelo tabu, evoluindo vagarosamente para relações latentes de trato social, costumes e passando até por Leis de Estados Soberanos.
