Palco
Vida, imenso palco a nos convidar...enfeitiça-nos com seu brilho, luz, cor e sedução.
Um abrir de cortinas, e lá estamos nós fascinados pela ribalta, pelo eclodir de flashes que se misturam aos tons e sons do cosmo.
Neste palco, somos escultores do nosso enredo...delineamos pela nossa ação que tipo de ator desejamos ser: principal, coadjuvante, figurante...somos nós que construímos, definimos de que forma queremos nos dar ao mundo e com quem queremos contracenar. Somos atores do bem ou do mal viver...cabe-nos escolher se seremos mocinhos, bandidos ou canastrões!
Em alguns atos da nossa vida, sequer temos coragem para nos expormos à platéia ou à s luzes...ficamos silenciosos, mudos na coxia da vida, enquanto as cenas se sucedem. E o tempo não para, enquanto ensaiamos ousar viver...protegemo-nos em nossos camarins, esquecendo que o nosso maior adversário está no sótão da nossa alma: o medo de nos entregarmos à vida. E a maior cilada da infelicidade é o adiamento, o deixar-nos para depois: quem sabe após aquela temporada?
Recompor um personagem exige algum trabalho, pois precisamos desarrumar as góndolas das nossas emoções, rompendo paradigmas. Isso nos assusta e pode nos manter inertes, creditando ao destino a responsabilidade pelos caminhos que não conseguimos trilhar. Quem sabe, depois do espetáculo, quando as luzes se apagarem?
As pessoas, com quem dividimos os atos da nossa vida, conseguem , por vezes, nos ajudar a mudar o curso do enredo inicialmente escrito. São cúmplices, quando esquecemos parte do texto, e elas amorosamente nos dão a "deixa" para a fala seguinte...são parceiras, quando nos guiam por não percebemos a luz que está a nos focar...são companheiras, quando não nos posicionamos adequadamente naquela cena, e elas nos conduzem generosamente...são sonhadores que nos fazem acreditar em nossos sonhos e na criação de novas peças, porque a vida é um imenso palco giratório, levando-nos muitas vezes, onde sequer imaginávamos!
Mambembes em busca de nós mesmos! Nosso papel: apenas descerrar as cortinas porque o nosso espetáculo só acontece, quando entramos em cena!
© Nandinha Guimarães
Em 21.04.00
|