A dor me faz sentir a dimensão do meu corpo,
Faz-me lembrar que tenho um corpo!
Que tenho um limite,
Que tenho algo mais,
Dentro...
Que quero evitar,
Que quero não lembrar,
Quase maldizer.
Mas ao mesmo tempo que me identifica aos demais
Com suas fraquezas,
Impossibilidades
E impotência.
De não ser dono de si
De haver um final
Que não me pertence.
A dor coloca bordas
Em todo meu ser
Em toda minha alma
Em toda minha potência.
Desagrega meus pensamentos
Ignora minha vaidade.
A dor me martiriza no durante,
Me martiriza do depois,
Me martiriza no passado,
Me provoca espasmos durante a jornada.
A dor me traz recordações do corpo
A dor me traz o passado
A dor me remete à indecisão do futuro.
A dor me atravessa,
Me recorta,
Me compromete,
Me arremessa,
Me enoja,
De mim mesma.
E do que não posso dominar.
A dor me alveja
Me enegrece.
Me torna obscura,
Me faz turva,
Me tira a alegria,
Me espanta a candura.
A dor me traz pra realidade,
Me transporta pro nada.
Ai dor,
Que maldita dor....
|