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Poesias-->MARLI -- 03/01/2003 - 12:11 (Daudeth Bandeira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MARLI

Daudeth Bandeira



Falando em gente bonita

lembro logo de Marli.

A mulher mais cobiçada

que nasceu no Cariri.

Alva do cabelo louro,

tranças em fios de ouro

pendiam nos ombros dela.

Daquele tipo que as rosas

empalidecem medrosas

pra não disputar com ela.



Estatura mediana,

olhos da cor de safira,

o som da fala mais doce

do que mel de jandaíra

seios, pernas e bumbum!!

Parece que cada um

foi feito de encomenda.

Era o tipo de mulher.

Dessas que quando Deus quer,

Faz pra não deixar emenda.



Rapazes loucos por ela

na ribeira tinha um monte.

Todo mundo tinha sede

de beber naquela fonte!!

Porém Marli, com cautela,

quase a ninguém dava trela!

Mas, “pra quebrar o tabu”,

se engraçou de Tomás:

um modestíssimo rapaz,

um caçador de tatu.



A notícia se espalhou

do sítio para cidade,

os rapazes comentavam

com certa intranqüilidade

um dizia: eu ouvi

dizer que a linda Marli

vai se casar com Tomás!

Diz outro: é daqui para Sexta!

Tomás tem cara de besta

e botou nós todos pra trás.



Mas, nesse grupo de jovens

tinha um tal de J.I.

que depois do casamento

ficou de olho em Marli.

Um dia Tomás saiu,

pra caçar, e J., viu!

Foi a ela e disse: amiga!

Eu vim tirar o defeito

deste filho que está feito

dentro da sua barriga!!



Disse Marli: estou grávida,

mas como sabe o senhor?

Disse ele: tenha calma,

Dona Marli, sou doutor.

Basta olhar pra senhora

vejo por dentro e por fora

e estou vendo um desatino:

já é seu terceiro mês

e o seu marido não fez

as orelhas do menino.



Disse Marli: o meu filho

vai nascer desorelhado?

Disse ele: não senhora!

Eu vim pra cá foi mandado

por Deus e Nossa Senhora!

Vamos pra seu quarto, agora,

tire a roupa, por favor!!

Deite olhando para as telhas

que vou fazer as orelhas

do filho do caçador.



Fez do jeito que bem quis!!

Ela lhe agradeceu

disse ele: vou embora!

Mas não foi. Se escondeu.

Havia um pé de acácia

e ele com perspicácia,

se escondeu por detrás

e ficou de prontidão

só pra ver a reação,

na chegada de Tomás.



Quando Tomás regressou

foi muito mal recebido.

Taxado de descuidado,

Desnaturado, esquecido.

- Seu filho duma ! cadela!!

- você faz uma tigela

e esquece de pôr aselha?

Pois se não fosse o “doutor”

o filho do caçador

ia nascer sem orelha.



Disse Tomás: que dizer...

Que esteve um homem aqui?

Disse Marli: isso mesmo!

“santo doutor J.I.”..

que sabe até fazer parto.

Me levou pra nosso quarto,

invocou a Deus divino,

se esforçou mais de uma vez,

ficou suado, mas fez

as orelhas do menino.



Disse Tomás: êta diabo!!,

Isso é que é desaforo!!!

Esse caba deve estar

Com a besta-fera no couro!!

- Vou matá-lo agora! Agora!!

botar seus bofes pra fora,

vou parti-lo pelo meio

e entregá-lo ao satanás

e nunca mais ele faz

orelha em menino alheio.



Mas quando Tomás saiu

O malandro J.I.

Saiu do esconderijo

e apresentou-se a Marli.

Disse Marli: seu doutor !!

Meu marido, o caçador,

saiu para lhe matar.

Doutor! Será que dá jeito

desmanchar o que foi feito,

antes de Tomás chegar?



J.I. disse a Marli:

- já vi que o seu marido

além de ser descuidado

é muito mal agradecido

mas, como o dever me chama,

ajeite os panos da cama,

que vou fazer seu pedido.

O que fiz vou desfazer,

mas seu filho vai nascer

sem proteção no ouvido.



Desfez tudo foi embora,

nunca mais apareceu.

Tomás só chegou em casa

quando o dia amanheceu.

A ingênua da Marli

lhe disse que J.I.

estivera ali de novo.

E Tomás criou um papo

de engolir tanto esse sapo,

sem querer dizer ao povo.

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