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Artigos-->A MALANDRAGEM BRASILEIRA -- 07/03/2011 - 11:08 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




                            A MALANDRAGEM BRASILEIRA



 



        Francisco Miguel de Moura- Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras



 



É possível que a malandragem seja universal, não sei. Para dizer, com todas as letras, necessário se faz uma pesquisa muito grande. Mas ela, a malandragem, existe aqui e alhures, não resta dúvida. A malandragem brasileira já é tradição, já chega a ter uma filosofia. Quem tem ouvidos para ouvir e tempo para pesquisar sabe que a música popular é cheia de registro dos costumes de nosso povo. E basta que a gente se lembre dos nomes dos conjuntos atuais, todos criados com malandragem (Chiclete com banana, Abóboras selvagens, Bidê ou Balde, Graforréia...), tal como as letras musicais. Escolhemos uma dos anos 1950/1960, que é só apelo de malandragem e violência: “Ei, você aí? Me dá um dinheiro aí / Me dá um dinheiro aí? Me dá um dinheiro aí! // Não vai dar, não vai dar não! / Você vai ver / A grande confusão / Que eu fazer / Bebendo até cair!... // Me dá, me dá, me dá / Ei, me dá um dinheiro aí!...” Na literatura propriamente dita os escritores dão preferência aos personagens de baixa renda, de nenhuma educação, meninos de rua, empregados domésticos, cantores de emboladas, pedintes, jogadores, o povo da noite, tão celebrados por João Antônio. Poderia citar Dalton Trevisan e outros, mas não quero cair na tentação da mídia, para “encher saco” e dizer que está com a verdade. Para ela, toda estatística é confiável, quantidade é tudo, qualidade não interessa.  Outra coisa que aponto é a driblagem da lei. Prefiro citar a que conheço, de proteção ao idoso, por estar nesta faixa de idade. Idosos, deficientes, mulheres grávidas ou com criança de colo têm preferência nas filas dos bancos, das repartições públicas, dos cartórios, dos ônibus, etc. Mas, essa fila é sempre quebrada, deturpada. Por exemplo, em muitos desses lugares, seus donos instituíram a norma de atendimento a dois ou três (ou mais) clientes comuns antes de um idoso, repetindo-se a mesma ordem indefinidamente. Onde fica a preferência do idoso? – pergunta-se.



A simpatia pelo popular e a vergonha de não ser assim se tornaram tão fortes que se estendem para o uso da língua portuguesa: o doutor imitando o matuto, o empregado ditando regra na fala e até na escrita. Vimos recentemente o PT (Partido dos Trabalhadores), alçado ao poder há alguns anos, através de seus “intelectuais”, ditar moda nos auditórias, assembléias e reuniões: – O orador dirige-se à platéia com a saudação a “todos e todas”, em vez do “senhores, senhoras e senhoritas”; inventaram uma palavra para designar as pessoas de cor escura: “afrodescendente”. Ora, afrodescendentes somos todos nós, todos viemos de um tronco só, cujo espécime mais antigo foi encontrado na África. E tem mais. No futebol brasileiro, um jogador de nome Gerson que gostava de passar a perna nos seus colegas, não perdia oportunidade para suas malandragens. Daí  o nome de Lei de Gerson ao hábito de fazer tudo para levar vantagem. Lei da malandragem. Nas práticas educacionais, nunca se castigou quem pesca na escola, muito menos o que se deixa pescar para ser bonzinho (ou por pagamento). Temos até a tradição dos colégios PPP (pagou, pescou, passou). Em tudo há malandragem, falta de respeito, de educação, de humanismo. Na rua ninguém dá um lugarzinho ao outro pra passagem. Motorista não diminui a marcha para o pedestre – ao contrário acelera o motor. No elevador, ninguém dá mais bom dia. Quase todos jogam lixo na rua, garrafas de vidro e plástico pela porta do carro em movimento. O malandro carioca é o mais famoso, ele espalhou sua moda, dizeres, música, seu gingado, sua linguagem para o resto de país – porque o Rio era a capital do Brasil. Coisas que vêm do tempo do Rei, ou da Colônia escravagista. Por isto, atribuímos que o que acontece no Rio atualmente é uma guerra declarada nas favelas  viciadas em malandragem e droga, não é d’agora, vem de longe. E deve-se ao costume brasileiro de deixar para amanhã o que poderia fazer-se hoje, de ser condescendente e permissivo em moral, daí passando para as leis – que temos muitas e poucas se cumprem, principalmente as punitivas imediatamente como as do Código Penal. Permissivos, promíscuos, indolentes somos. Doçura, ternura, homem cordial? Que importa! Eis aonde chegou o Brasil. Um país corrupto. Rico e corrupto. “Amanhã, eu já posso morrer, porque sei que todo boêmio vai sofrer!” Boêmios, malandros, corruptos, um fracasso de civilização. Nós construímos a filosofia da malandragem.



          

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