A ÚLTIMA BOLACHA DO PACOTE

Marcos Antonio F. Vinagre



Quem é que nunca ouviu a expressão “a última bolacha do pacote”? Costumamos usar esta expressão para falar daquela pessoa “metida”, o supra-sumo, a que se acha a tal. É uma expressão muito usada e, não sei quem a inventou, mas o fato é que ela está aí. Esta expressão significa a mistura de dois predicados nada nobres: vaidade e egocentrismo. A pessoa que pensa ser a “última bolacha do pacote” é aquela que tem uma visão distorcida de si mesma. Pensa que é mais importante do que realmente é, acha-se a mais bonita e mais rica, a mais inteligente, a mais elegante, a mais exuberante, a mais leal, a mais educada, a mais confiante. Ela se acha a única no mundo, uma raridade. Pessoas assim quer ser o centro das atenções, achando que tudo tem de girar em torno dela e que tudo depende dela.



Há pessoas que se acham o máximo em tudo quanto é lugar: no meio artístico, nas empresas, nos clubes, no meio esportivo, enfim, em todos os meios, e pasmem: até mesmo dentro da igreja! Sim dentro da igreja há aqueles e aquelas que se acham “a última bolacha do pacote”, os tais, os máximos, os melhores de todos. Jesus, quando se fez um de nós, com toda a sua majestade, com todo seu poder, não se “achou” o tal, não se sentiu como “a última bolacha do pacote”. Se Ele quisesse, poderia pedir para construir um pedestal, um altar e ficar em cima dele (afinal Ele é Deus), mas não, Ele se fez pequeno, humilde, não quis aparecer, pelo contrário, instruía aqueles a quem curava para não dizerem nada. Atitude esta que deveria ser seguida por todos nós. Há os que “prestam” serviços voluntários, até mesmo dentro da igreja, dizendo que fazem por amor a Deus e aos irmãos, mas na verdade, fazem para aparecer, para que todos o achem o tal.



É fácil a gente se deixar levar pelo “estrelismo”. Acredito que o ser humano gosta de ser “paparicado”, de receber elogios. Isso é bom, faz bem receber elogios, dá um incentivo a mais para continuar a fazer bem feito, mas é aí que mora o perigo. Se não tomarmos cuidado, começaremos a fazer o que temos que fazer, apenas para aparecer, para receber elogios. Já não faremos mais bem feito, porque tem que ser bem feito, mas faremos para receber a recompensa imediata, o elogio. Por conta disto, vamos ficar nos achando o tal, o melhor. Eu fiz parte de um coral aqui da igreja e sei que é fácil se “empolgar” demais, se achar o tal. No começo eu gostava quando nos vinham elogiar, mas depois fui percebendo que aquilo não era bom. Percebi que eu não estava ali para isso, para ser elogiado, mas sim, para ajudar a assembléia e louvar a Deus e que fazer bem feito era preciso, pois devemos dar o nosso melhor para Deus. Já não faço mais parte do coral, mas, infelizmente, reparo que “alguns” ainda não perceberam isso também e continuam “achando-se” o melhor, querendo ser mais de quem é melhor que ele.



Para quem se acha “a última bolacha do pacote”, lembre-se de que, contrariando o dito popular, “a última bolacha do pacote” pode também significar aquela que ninguém quis comer, pois toda quebrada, a esquecida no armário e que, quando dá conta dela, já está amolecida, até mesmo, estragada. E o que acaba acontecendo? Na maioria das vezes, acho que em 99%, a chance é ela ser jogada fora, ser desprezada. E além do mais, para todo aquele que “se acha”, Deus dará um jeito de mostrar que existe sempre alguém melhor do que ele.



Deus, só Ele tem o poder de nos iluminar. Então, façamos da nossa vida uma claridade plena, façamos com que nosso coração sinta a luz do amor, que nós possamos dar amor aos nossos irmãos sem medir esforços, que todas nossas ações não sejam apenas para nos vangloriarmos e recebermos a recompensa imediata. Queremos receber a recompensa que o Senhor nos dará um dia quando formos para Ele.



Fonte: Jornal “Nossa Igreja Católica”, Informativo Mensal da BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO, Araras (SP), Março de 2011, Ano XI, &
8470; 114, página 5.





________________________________________





“Fora da VERDADE não há CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”



LUIZ ROBERTO TURATTI.