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Contos-->TEIBEI, A BATIDA -- 20/10/2002 - 08:46 (LUIZ ALBERTO MACHADO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Batida, pelo que conheço, é no sentido de bater, cada bufe-bufe do sujeito ficar estirado agonizante; ou, é descompostura severa de deixar o cara mais raso que o chão numa reprimenda e mais cheio de pernas sem ter onde se socar de vergonha; ou é vestígio deixado por maloqueiro que quando não caga na entrada, deixa o tolote fedorento na saída; ou, é um acidente estuporado, daquelas barruadas envolvendo uma carroça-de-burro, três bicicletas, duas motos, quarenta e cinco automóveis avexados, oitenta e dois ônibus enfiados, noventa e seis caminhões trucados, um treminhão arretado e, de quebra, uma daquelas aeronaves medonhas que gostam de cair assim arrebentando tudo e que, por cagada da porra, inventou de cair no meio dessa emboança, de só se ver o escarcéu tirar distância até onde os cacos de coisas foram bater; ou, também, encalço de polícia por meliante quando o sujeito está enturmado, lavando a jega num mosqueiro atraente, chega revistando tudo, não antes escapulir uns três malencarados, e a gente apalpado na integridade, na vergonha até perceber que na verdade ocorrera um rapa de não sobrar nem a cara-de-pau para se queixar; ou mais, é treino de briga de galo no terreiro; ou, ainda, espécie de rapadura vitaminada; ou, enfim, aperitivo popular feito com limão e açúcar ou mel. Pronto, tem mais, mas estes bastam.
Acontece que o Doro, o maior fuçador das doidices mais trampolineiras que se tenha notícia, parece mais que tem um cotoco de num parar quieto num canto, consegue reunir estas acepções todas numa só: Teibei!
Previno, antes de tudo, que, não se sabendo porque cargas d´água, todo ser humano possui a mania de colecionar alguma coisa por mais irrisória que seja, de taco de papel à caçola véia, ou seja, todo tipo de brebotes, tranqueiras, o escambau. Doro, não fugindo a regra, também coleciona algo, só que inusitado: só faz merda, o maior fabricante de bosta que se imagine, colecionando o maior inventário de despropósitos. Esse, o cara.
Advirto por total respeito que, se porventura algum leitor ou leitora, identificar algum ponto luminoso no firmamento, não caia na esparrela de perder tempo, vez que, evidentemente, não será nem objeto voador não-identificado muito menos identificado, nem o Superman, nem nenhum avoador piscando o tareco, nem nenhuma estrela cadente ou passagem de meteoro avassalador pegando fogo na atmosfera. Nada disso. Com certeza, será o Doro testando o seu próprio invento. Ele, prá sorte de todos, é cobaia do feitiço dele mesmo. Nem Benjamim Franklin ousara tanto constatando cientificamente o seu experimento.
Para se ter idéia, o Doro é hors-concurs na provada descabelada na conhecida A-que-matou-o-guarda, expert em acender a lanterna com a Amansa-corno; especialista em alertar as idéias na permeável atitude de sorver a Arrebenta-peito; celebridade máxima em virar-o-cangote engulindo a Sete-virtudes; provador respeitado da Nego-no-tapa, Pau-de-índio, Raiz-de-pau, Cai-na-porta e outras malvadas carraspanas exorcistas, não deixando, portanto, de rotular uma confraternização de sua candidatura com uma teibei, capaz de mudar o destino e o curso da história do planeta. Não era para chegar a tanto, mas ousadia dá cada uma, hem?
Pois bem, reunindo todas as significações anteriormente relatadas, Doro preparara a sua invenção: a Teibei! Isso com a sua peculiar originalidade inventiva, reunindo neste aperitivo além dos ingredientes convencionais, todos os seus conhecimentos alquímicos buscados na pedra filosofal e na tábua de Esmeralda, e noutras esquisitices de seu transcendentalismo amalucado.
- Essa jurubeba-dupla é a tirineta certa prá incher o chifre! O melhor pileque de todos os paus de fogo, apropriada para homenagear o santo e ficar pronto! Garanto, o espritado que fizer uma boquinha fica puxando-um-trem, cheio das meropéias só com uma meiota, a ponto de esquentar o tampão do pinguço e de deslizar o disco de embreagem do maluvido! Eita, ponche ineivado!!! Arreia a ripa, nego!
Isso ele arrota pabo, pois quem dela usa numa golada boa, leva um isquento de ficar de fogo aceso cuspindo-bala, de gritar: Iaiá-me-acode! E tem mais uma virtude:
- Essa possui a propriedade de deixar o freguës invisível!
Arrepare, só. Pois bem, empolgado com a adesão popular à sua candidatura contestatória a Presidente do Brasil, Doro chegou a exceder os seus próprios limites.
- Todo bêbo é rico e bota prá rachar!! Num é não? Por isso, vou empenar tudo!
E empenou mesmo. No maior aguaceiro regado a uma beberagem exclusiva inaugurando seu próprio fabrico, popularmente alcunhada na redondeza de: Arranca-tampo, deu-se a confraternização com o que de mais insólito ocorrera: teve neguinho que desapareceu, se envultando dum jeito de só encontrá-lo ao cabo de dias completamente desmiolado. Que houve? Quem se lembra.
Depois de muita peitica, eis que fui tomando pé do sucedido. A festança começara com uma goelada do elixir-do-diabo, inventado ocultamente em sua adega secreta improvisada: o banheiro de sua casa. A cada talagada o sujeito embicava decilitrado.
- Tá queimado, nego? Essa cura-tudo é de lascar!
- Oxe, tá tostadinho, chumbado e chamando cachorro-de-meu-tio!
- Vôte! Aquele tá tão bicado de chamar urubu de meu louro!
- Eita, canjebrina macha!!! Com essa o cristão beija-o-santo e tá de corpo fechado!
Para se ter idéia do espalhafato, o cabra mal tomava pé na abrideira, a água de briga fazia efeito de deixá-lo entregue na lequéssia, trocando as pernas e achando a rua estreita. Depois, só se vê o amuo: o ramado parece que levou uma bordoada de num poder ficar nem em pé, uma cipoada de amarrar o bode arreado, de farol baixo e bandeira a meio pau, caindo na maior dormideira cheio dos birinaites, com o cobertor-de-pobre, u-ru!
- Minha véia, tô dormente do cabelo do quengo até a unha encravada do pé!
Isso depois de bicado ter provado da dois-dedos mais forte que qualquer pau dentro, mamãe-me-sacode, rabo-de-galo, semente-de-arenga, travanquante, três-tombos ou a bexiga lixa.
E ela, a distinta esposa, mais injuriada que nunca, ainda sapeca:
- Eu quero que vosmicê se estrupie, arranhe a fuça na terra e arranque as gaias da testa, seu corno!
Quando se dá conta no outro dia, o cabra está no banco dos réus do departamento da vergonha, com os chifres inchados, o juizo turbado, um gosto-de-cabo-de-guarda-chuva-véio na boca, o bucho pegando-fogo, as tripas dando um nó e as pregas do bocal-da-quartinha num aguentando nem passar vento fresco. Não tem quem não reclame jurando vingar-se de Doro depois daquela. Eu mesmo quis desvendar o mistério do xarope-de-bêbo que ele inventara.
Depois de muita manha do sabido, consegui que ele reduzisse tudo numa receita hermética que só depois de muito implicado, ele deu-me de mão beijada.
E cadê decifrar? Só sei que era só virar o copo e se tornar um verdadeiro foguete sideral. Que droga é isso, Doro? Ele tentava disfarçar mais que descabreado.
Foi ai que vi, num papel, a inscrição teibei e depois oâmil, racuça e loocal orup. Intriguei-me com o pantim dele. Era munganga demais para o meu gosto. Virei, desvirei o papel, e saquei que não era esperanto, nem língua remota, nem alienígena, era um enigma mesmo.
Quando desdobrei o resto do papel havia outras inscrições ininteligíveis pelo garrancho de sua caligrafia horrível. Nossa, tudo aquilo jamais revelador.
Foi aí que ele saiu soletrando contrariado: álcool etílico, açúcar, limão, canela, sapopemba, boldo, caldo de avelóis, urtiga ralada, uns pingos de estricnina, soda cáustica, solução de bateria e extrato-hepático; e, por fim, mel-de-abelha, pronto, está feito o mijo de Zé Pilintra.
Para quem tem amor aos seus possuídos, não é aconselhável chegar perto, nem mesmo cheirar essa mandureba, correndo o risco de ficar grogue só com a cheirada, evitando qualquer aproximação desse estrupício todo. Mas que a raça mamadora faz maior festa quando Doro anuncia que vai fazer a teibei! Isso faz. Bié, bié, glup, glup!!!

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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