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Contos-->TOLINHO & BESTINHA II -- 20/10/2002 - 08:43 (LUIZ ALBERTO MACHADO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando Tolinho deu uma de bundão e quase bate as botas

Tolinho inda nem conhecia Bestinha quando quase esticou as canelas indo pro-que-vai-num-torna. Era tempo ainda de rapazote, molecote das horas arrepiadas no meio das freiras, no convento das irmãs Carmelitas, pintando e bordando no meio das pingüins de Jesuisis. Elas davam maior folga pro tinhoso, largadão de dar bundacanasca no meio do oratório. Era mesmo! Perdoavam até a coleção de páginas arrancadas com fotos de mulher com as chebas arreganhadas dos livros e revistas que apareciam às escondidas assanhando os meninos do internato e apregadas aos montes nas paredes do seu quarto, além de fazerem vista grossa com os seus profundos conhecimentos sobre a natureza da cloaca alheia. Não, de orifício o bicho entendia: sabia de cor e salteado o número de pregas no anel dos outros, mangando quando checava no teste da goma, a ausência de uma delas.
E num era prá menos, os que gostavam de agasalhar uma brachola sempre zanzavam afoitas e se achegavam nele com uma coceira no papeiro, a fim de que ele diagnosticasse o que se passava no seu frande e, consequentemente, sanasse o comichão no seu escaninho. Num perdia tempo, no prurido do alesado, ele enfiava a macaca de chega dormir de braguilha aberta a noite toda. E ainda saía dizendo que o colo ileopélvico onde passa a tripa gaiteira estava com uma infecção só sanável com supusitório de chapéu-de-vaqueiro de tantas polegadas de diâmetro, injetável três vezes ao dia, antes da descarga dos borborígmos eventuais. Isso acrescido de umas boas garrafadas ingeridas em jejum que ele fabricava no porão da capela e causava flatulências abundantes de ouvir-se na redondeza o maior peidorreiro da paróquia. Era póim! poim! poim! azucrinando a paciência dos cristões dali.
E estufava o peito quando falava de fita cólica distal, de proctos, de retos, de sigmóide, de ramos epiplóicos, do anel anoretal e catimbofá e furicos e retilínios e analógicos, patati patatá, comprovando a sua profunda sapiência no assunto, vez que desviara um montão de marmanjo para assumição pesada da pederastia. Nego que num tivesse firmeza na homência, ele encaminhava para a pirobagem. Era só chegar um sorrateiro desmunhecando, ele pei buft! Mais uma gazela saltitante na floresta. E para azoar os homofóbicos, dizia, usando da sapiência do Trajano de Araripina que era amigo do seu primo Lombreta-boca-de-frô: - todo calango fudedor tem a rodela do cu vermelho! Arrepia, Mané!
A vida ali no convento das freiras era muito boa e só passava aperto quando o dia já arreava prá noite que num via uma caçola de qualquer delas.
Ôxe, era um aperreio do nego sair dando dentada, arrancando um taco do que tivesse pela frente.
Ah! e quando chegava a ver qualquer que fosse a cor das intimidades delas, vôte, dava um carreirão pro matagal e só lhe encontrava tarde da noite com os olhos revirando na bronha. Eram dez encarreadas. De mesmo. Bicho raçudo, esse.
Tirante este aperto, era para cima e para baixo na Rural, carregando as esposas de Jesuisis e aguentando a pecha dos desafetos: - Eita, lá vai o macho das freiras! Já vai né? Tô vendo!
Virgem, que ele ficava injuriado. Comprava briga de instante em instante por causa disso, e a negada caindo na maior gozação.
Piorou, aí é que a mundiça quando notou que ele esquentava o juízo com isso, caboetou para todos que agora só tratavam-no como "macho-de-freira". Acabou-se, pronto, bicudo, invocado, mordido c a gota, espezinhando de num adiantar em nada. Macho-de-freira foi e ficou. Até hoje.
Um dia lá, deu uma escapulida do internato e encheu a cara na carraspana. Umas e outras até tarde da noite, quando se recolhendo, escondido, de volta pro internato, no meio do caminho, às escuras, se encontrou com uma manceba que caminhava a esmo entre as árvores do parque ecológico vizinho e deitou maior chavecada nas ouças da moça, a ponto de, depois de muita lengalenga, deixar o rapaz fuçar suas intimidades, enterrando nela semente de fazer gente.
Foi uma agonia porque besouros, muriçocas, maruins, pernilongos vários, insetos de todo o tipo queriam participar da orgia ritualística que ocorria a céu aberto.
Era um impado vexado a cada estocada que ocorria sincronicamente a cada picada dos indesejáveis invertebrados nas partes mais variadas do corpo dos sedentos, a ponto de sair todo pinicado de vermelho, mais parecendo acometido de sarampo ou rubeola.
Um deus nos acuda no dia seguinte, retirado do convívio dos outros para não contagiar ninguém. Mas foi muita manha que elas deram pro safado. Botaram o menino a perder, mesmo.
Uns dias na cama, uns meses sem botar a venta na rua mode castigo delas, quase dois meses depois, Tolinho inventa de dar outra escapulida, durante a qual teve uma inusitada surpresa.
- Sumiu, né, minino?
- Que é?
- Táis isquecido d eu, né?
- Qui foi?
- É assim mermo, depois que arrevira e remexe, fica todo metido a desentendido!
- E eu sei lá quem é você, mulé!
- É, dois meses atrás, tarde da noite, você me conhecia desde o dia que nasci, até plantou semente nova em mim e hoje espero um filho seu!
Tolinho teve um baque do coração querer sair pela boca. Olhou direito para as feições da moça: zanôlha, banguela, zambeta, ocrídia e grávida. Tudo isso junto, dava um carnaval da porra! A mulher não era feia não, era horrível! Um ET era mais simpático que aquela estrovenga de mulher ali, toda troncha, beiço arrebitado de dar dobra embaixo do nariz, cabelo espichado à pulso mais parecendo vassoura de piaçava enfiada na testa, os olhos abuticados parecendo mais que vão soltar fora, meio mundo de peito estufado numa blusa apertada e encardida, os quartos avantajados mais parecendo pára-lama de fusca amocegado, um traste! O bicho deu um carreirão de se esconder embaixo da cama.
Notícia ruim, como se sabe, espalha rápido. Os pais dele, seu Beliato e Dona Conça-tranca-rua, souberam e foram catá-lo nos quintos dos infernos.
- Vai casá, maloqueiro!
- Mas, mãe...
- Mas, mas, nada! Mexeu com a moça, vai casar!
- Mãe, aquilo num é moça, é um bicho, mãe, tenha pena d eu....
- Nada disso, cabeça num pensou, cu pagou!
- Aquilo é um monstro, vai me comer vivo, mãe, tenha pena d eu, mãe...
Num teve jeito, a mãe irredutível. O seu Beliato ali, a tudo olhando, piscando os olhos, mudo, assentindo com tudo que a mulher resolvesse. Num dava um pio; nem fedia, nem cheirava. Dona Conça-tranca-rua que resolvesse as broncas dos filhos maleducados deles. E não adiantou nada Tolinho espernear, suplicar pela intervenção do pai, pedir por clemência à mãe, jurar inocência pelos santos do céu e do inferno, joelhar-se, plantar bananeira, contorcer-se, estrupiar-se, desmilinguir-se, prantear-se, nada. Num tinha quem demovesse a decisão inexorável da mãe.
Tolinho estava entregue, a sina queimava o seu filme. Sem saída, todo choroso, precisou tomar qualquer decisão, menos casar com aquela assombração. Até que foi chorando pro quarto dos pais, remexeu umas gavetas, pegou o revólver do pai e pei!
- E aí, doutor, como é que está o desgraçado? - perguntou a mãe entre aflita e revoltada.
- Nada não, dona Conça, está bem...
- Ele perdeu ou num perdeu o pingulim?
- Não, não, o pingulim tá salvo, ele só ficou rancôlho.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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