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Poesias-->Amor de Meia Idade -- 30/12/2002 - 18:48 (Neli Neto) |
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Não me olhe assim, por favor
Poupe-me seu olhar compassivo
Envelheci sim, é verdade
No corpo, nas rugas que se encrespam
Nas mãos que te acariciam
Na boca que pede sedenta teu beijo.
Sinto-me no momento quase morta
Como uma rosa que se fecha
Após o murchar de suas pétalas...
Envelheci sim, é bem verdade
Tenho plena consciência disso.
O tempo passou tão rápido..
Sem nenhuma chance de volta.
Já não sou mais
Aquela tão linda menina
Cheia de sonhos e promessas
Que entontecia aos homens,
Que tentassem alcançar meus passos
Só que meu coração ainda é jovem.
Minha alma, bela e fresca
Ainda treme de desejos
De viver uma grande paixão...
E envia sinais sonoros
A este corpo já não tão verde
Que vibra de ansiedade
Pelo calor dos seus beijos.
Eu ainda sonho na noite
Com nosso romance escaldante.
E ao invés de me aquietar
Numa calmaria de vida,
Vivo lembranças,
Sonho esperanças
Que se unem numa dança eterna
Vibrante, trazendo à baila,
Doces e velhas recordações.
Perdi é verdade
Aquela minha força de olhar.
Perdi é verdade,
A minha memória certeira
E esta é a maior prova cabal
Que surge no tempo, mostrando
A verdadeira realidade,
Que mais esconde
Um ser de meia-idade...
Só meio acabado, tristonho
Com a perda da mocidade.
Só que por dentro um pequeno vulcão
Permanece ainda centelha acesa
Pronto a dar sua erupção.
E basta que você chegue e me toque
Que os sinais da velhice se esvaem
Se perdendo nas sombras de uma fumaça
A mulher fogosa, flor escaldante
Como lava incandescente se lança...
A um simples toque de dedos se acende
E se torna outra vez
A mais brilhante criança
Retornando com vida
No pequeno espaço da vida.
Sorridente, jovem, feliz,
Vibra freneticamente
Entre desejos flamejantes
A dança sem tempo do amor
E se perde entre suspiros e cheiros
Lambidas, beijos molhados
Se prendendo num fogo ardente
Que crepita entre seus braços.
Venha me dar seu amor
Venha acender novamente o meu fogo
Venha me amar sem nenhuma pressa
Venha sucumbir de amor nos braços meus
Venha ...
Me dê sua vida, amor!...
©Neli Neto
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