Usina de Letras
Usina de Letras
47 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62314 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22541)

Discursos (3239)

Ensaios - (10400)

Erótico (13576)

Frases (50700)

Humor (20050)

Infantil (5472)

Infanto Juvenil (4792)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140835)

Redação (3311)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6219)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Menino de Rua -- 30/12/2002 - 17:52 (Neli Neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lá vem o menino...

Cuidado!... é bandido

Tem arma escondida

Querendo assaltar...



E fogem assustadas...

o povo, as pessoas,

sem tato, sem rumo

nem olham pra trás.



Menino de rua, coitado...

faminto, acuado

só queria um trocado

pra sua fome matar.



Com o olhar cabisbaixo

triste, melancólico

retorna para a marquise

sua casa... uma caixa de papelão.



Abandonado na vida

vive em ruelas, escondido

que nem que rato de esgoto

comendo só o que sobra

dos restos... jogado fora.



Banho, só vez em quando

com o calor escaldante.

São os mergulhos em águas sujas,

turvas, poluídas...

de tudo que é chafariz.



Sem teto, sem vínculos

sem família, direção

sem apoio, coração

nem mais consegue sonhar

como quando ainda criança

que achava que tinha um lar.



Mãe... viciada, presa pela bebida

vive desacordada, jogada na vida

sem ver o tempo passar,

por estar embriagada.



Pai... traficante, assaltante

desempregado há anos.

Por não ter achado trabalho

Caiu na perdição... foi preso...

e morto na delegacia.



Menino de rua

continua abatido

na rua, escondido

faminto, perdido

pegando rebarbas

da cola, da droga,

pra sua fome matar.



Faz de tudo um pouquinho

Parece até sete chaves...

Seus sonhos de criança,

se perderam...

nunca mais foram encontrados.



Maltrapilho, empoeirado

pés no chão, dedos cortados

de no asfalto quente pisar

tentando ganhar um trocado



Menino de rua carente

de afeto, atenção

das portas de um lar verdadeiro,

onde possa abrigo encontrar

Acaba virando "o bandido"

deixando de ser "a criança"

de tanto ter sido acusado

de tanto ter sido marcado

sem nada ter feito errado



Por culpa dos homens

por culpa do povo

está total abandonado

à sua sorte ou azar...



Cadê o governo?

Cadê a Unesco?

a Criança-Esperança?

E tantos outros que existem, sei lá...



Criança-esperança de uma nação

Com frio, com fome

sem casa, família

acaba virando um ladrão



Culpa minha, culpa sua

Culpa de tantas pessoas

Que se calam, que se omitem

Que não querem ajudar.



Criança-esperança

virou traficante

pra fome poder matar

perdeu seus direitos constituintes

perdeu sua dignidade

perdeu sua infância

Matando a criança do seu coração

Na fuga da fome, do teto das ruas

Das noites de frio

dormindo enroscado

em papel de jornal.



Sem ter que ficar escondido

correndo pra cá e pra lá

Uma chance somente...ele pede...

em seu silêncio tristonho...



Criança-esperança

que acreditou que um dia

estaria feliz em um lar

sem pancadas, sem mordidas

sem ter que sair pra roubar.

De mostrar que é capaz

que podia vencer todo mal



Criança de rua...

quer só uma chance

um pouco de nossa atenção

carinho. compreensão.

Quer ser alguém algum dia

quem sabe um cidadão.

Andar de cabeça erguida

aproveitando da vida

como qualquer ser normal.



©Neli Neto



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui