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Cordel-->Satisfação de Caboclo de Cristiano Cartaxo -- 25/07/2003 - 03:12 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Satisfação de Caboclo
Constantino Cartaxo*

Tivemos muita alegria,
lhe asseguro, seu Doutô.
Nós plantemo, nós plantemo
nós vimo a planta nascendo
na terra que se abria.
Cumé bonito o roçado!
Despois que o inverno pegou
Foi a lavoura ingrossando,
no mei o mato brotando
e nós na inxada agarrado.
Meus dez fio, meus dez moleque...
- eram dez moleque, dez -
impariado ao meu lado
puxando cobra p’rus pés.
Chega acho bom rescordá!
Eita anozim de fartura!
E arrescordando agradeço
a nosso Deus das artura.
Melancia carreguêmo,
deformando os caçuá.
Nosso feijão parecia
quiném gáia de juá,
caruçudo em toda bage.
Pé de mi, na roça, quage
caía cum seu carrêgo.
E o arroz? Vixe, meu nego!
Acredite se quizé:
Quage um pé num fica impé!
Pois, quando o vento abanava
os cacho do arroizal,
os cacho se debruçava
p’ru riba dos outos cacho,
formando os cacho um só cacho,
cuma num vi cacho igual.
No deita-sobe-e-balança
dos caroço, parecia,
na zuada qui fazia,
taliquá um maracá.
Era vê mesmo uma orquesta
qui tocava ao som do vento,
batendo bem direitinho
mode animá uma festa.
Era vê uma sanfona,
infeitada de alegria,
bem animada a tocá.
Tinha cuma bateria
os cacho saculejando.
E os musgo - os passarinho
qui se danava a cantá.
Meio dia, quando a gente
pra casa vortava, então,
uvia do passadiço,
bem junto do tabolêro,
o tum-tum-tum do pilão...
acompanhando o batuque
- parecido cum baião -
da muié qui lá pisava,
quebrando o mio da lava
mode fazê o pirão.

E, de tarde, satisfeito,
ao regressá do roçado,
a gente incontra o terrêro
intupidinho de gado.
Uns deitado e lá vivendo
cuma rei num apogeu
qui chega a sê um coloço.

Fico inspiando, seu moço.
Fique inspiando mais eu,
e vamo vê no pescoço
do animá um nó andando:
é a comidinha vortando
comida qui ele comeu.

E se dana a mastigá.
Mastigando e remoendo,
remoendo e mastigando
qui as vezes fico pensando
qué preparando o jantá.

E, mais tarde, quando a lua
se acorda, chêia de sol,
despregando no hoizonte
seu coipo com muito brio,
sem tuaia, quase nua,
formando um céu lá no céu,
nos braço do firmamento...
eu digo para os meus fio:
vão lá p’rus seu aposento
discançá qui estão cansado.

A véia fica a meu lado.

Eu ispio os óio dela,
ela ispia os óio meu...
a lua nós damo adeus,
fazendo inveja pra ela.

Eu fecho a porta de baixo,
despois a porta de cima...
me incosto mais junto dela,
mode isquentá nosso fogo,
prá miorá nosso crima.

Logo apago o candiêro,
armentando a escuridão,
fazemo o Nome-do-Pade,
rezamo a nossa oração,
despois... nós pega a se ri...

E nós se dana a se ri...
NÓS NUM TEM TELEVISÃO!!!

Constantino Cartaxo

Poeta como seu pai, Dr. Cristiano Cartaxo. Praticamente, como seu genitor, viveu sempre em sua terra natal. Participa de todos os eventos culturais da região e do estado da Paraíba. Quando não presidente, é diretor social dos clubes locais: AABB, Campestre e Tênis. Foi, inclusive, vice-governador do Lions, regional L-25. Seus versos são eruditos, sertanejo-folclóricos e “de ocasião”. Patativa do Assaré, em indo a Cajazeiras, fazia questão de se hospedar em sua casa. É quase um mecenas para boêmios, músicos, amantes das artes, incentivando-os e patrocinando, nas noites enluaradas do sertão, memoráveis serestas, serenatas e perambulações pelos botequins da vida. Mas vamos à sua poesia. Poeta máximo dos sertões paraibanos. Nasceu em 5 de julho de 1933 em Cajazeiras-Pb.

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