Usina de Letras
Usina de Letras
18 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50670)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->CHUVA -- 27/12/2002 - 10:47 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DIA DE CHUVA





As espumas desmanchadas

sobem-me pela janela,

correndo em jogos selvagens

de corça e estrela.



Pastam nuvens no ar cinzento:

bois aereos, calmos, tristes,

que lavram esquecimento.



Velhos telhados limosos

cobrem palavras, armários,

enfermidades, heroísmos...



quem passa é como um funâmbulo,

equilibrado na lama,

metendo os pés por abísmos...



Dia tão sem claridade!

só se conhece que existes

pelo pulso dos relógios...



Se um morto agora chegasse

àquela porta, e batesse,

com um guarda-chuva escorrendo,

e com limo pela face,

ali ficasse batendo



- ali ficasse batendo

àquela porta esquecida

sua mão de eternidade...



Tão frenético anda o mar

que não se ouviria o morto

bater à porta e chamar...



E o pobre ali ficaria

como debaixo da terra,

exposto à surdez do dia.



Pastam nuvens no ar cinzento.

Bois aéreos que trabalham

no arado do esquecimento.



Cecília Meireles

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui