esperava a chuva e, veio o orvalho
esperava a manhã e, veio o eclipse
esperava a noite e, veio a vertigem e a claridade
esperava uma lágrima
e um sorriso arrancou de minha alma
aquela mágoa escondida
no fundo, espeerava demais
na estação do metrô, no ponto de táxi,
no restaurante,
na varanda de casa
esperava em diferentes lugares
sempre a mesma coisa
sempre a mesma ânsia
sempre a mesma esperança
incontida na caixa de Pandora
e meus olhos derramavam reticências
e se esgueiravam pelos beirais da vida
com leve suspiro de quem aguarda
mas vive, luta, treme, ferve
e sobretudo ainda espera
por algo inesperadamente esperado
e comum
as esperas diárias
pela maturidade,
pelo sentimento,
pelo crescimento das plantas
e pelo final evoluir da humanidade
que baita espera! |
