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Artigos-->Brasília -- 15/07/2000 - 14:43 (Rodrigo Teles Calado) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há certas curiosidades que são publicadas - ou tornam-se públicas - que aca-bam criando um modelo a se seguir. Por exemplo, convencionou-se chamar Brasília de "a cidade dos funcionários públicos". Deste modo, quando nos apresentamos fora daqui e dizemos que somos de Brasília, a frase que mais escutamos é (com algumas variações) "ah, na certa é funcionário público!". Só que, há algum tempo, tive contato indiretamente com uma pesquisa feita pelo Jornal de Brasília, que demonstrava que, na população economicamente ativa, o número de pessoas empregadas no comércio havia ultrapassado o contingente de funcionários públicos. Mas esse - como diria Herbert Vianna - monstro a se criar já havia sido criado. E agora, como se descria?



Mas o exemplo que dará a linha de raciocínio a este texto vem a seguir: O nome que foi dado a esta cidade-satélite. Ceilândia. Todos nós sabemos que as três primeiras letras significam Campanha de Erradicação de Invasões. Ao tomar conhecimento dessa sigla, a sociedade (acho eu) cria uma imagem totalmente degenerativa para este lugar. Inclusive pelos/para os próprios moradores. Qual será o peso do nome: PLANO PILOTO sobre a importância que lhe é atribuído ou aos seus moradores?



Poucos sabem, mas mesmo antes de Brasília ser inaugurada, em 1958, Taguatinga foi criada para absorver invasões da Vila Sarah Kubitschek. Mas por que não ficou com essa carga negativa de o que Gil reconheceria como Refavela, como a Ceilândia? Penso que essa curiosidade (as três letras e seu significado), e várias outras, deveriam permanecer no anonimato para não causar efeitos deletérios para os moradores locais.





Planejada?



A versão oficial diz que Brasília foi construída para trazer o progresso para o interior do país. Só que para poder construir uma cidade, seria preciso muita mão-de-obra. E, nos planos dos idealizadores, pelo menos um terço dos migrantes voltariam à sua terra natal depois de construída a cidade. Só que, na realidade, isso não aconteceu. E para piorar, além dos que ficaram, muitos outros se foram chegando à nova área de prosperidade. Então, tornou-se comum a invasão de áreas que, nos planos dos mentores, não estavam destinadas a virarem áreas de habitação.



Havia, sim, um planejamento de crescimento populacional. Mas as coisas aconteceram com uma velocidade bastante maior do que se pensava. Quando Lúcio Costa voltou a Brasília, somente em 1974, ele disse que quando o Plano Piloto atingisse 500 ou 700 mil habitantes, criar-se-ia as cidades-satélites. Nos mesmos moldes do Plano Piloto, ou seja, com um prévio planejamento. Mas como se, em 1958, já havia a primeira absorvedora de invasões?





A "refavelação"



O administrador da ocasião disse, em 1977, que a "Ceilândia é a favela que está dando luz a uma grande cidade e estamos talvez na hora do parto" (Correio Braziliense, 11/03/77). A preocupação com a estética da nova capital foi o que motivou a refavelação "quando se arranca do seu barraco prum bloco do BNH". Um morador de uma dessas invasões certa vez disse: "Cansamos de tanta preocupação com a nossa situação precária e começamos a discutir a nossa fixação naquele local e as devidas melhorias a serem feitas ali. Fomos visitados pelo Governador Hélio Prates da Silveira e esposa, que lançou-se na tarefa da remoção, sem nossa vontade. Com a finalidade de diminuir nossa resistência foram envolvidas todas as Secretarias de Governo, fazendo várias promessas, inclusive que teríamos nossas necessidades básicas atendidas". Desse modo, logo logo, em 1977, (Ceilândia foi criada em 1971!) a água encanada chegou à Ceilândia. E, mais rápido ainda, em 1983, começou a ser instalada a rede de esgoto.



E, desse modo, há uma explosão demográfica na Ceilândia. Então "o BNH presta socorro construindo conjuntos habitacionais, por intermédio da SHIS (Sociedade de Habitação de Interesse Social). Surge a Guariroba na extensão da Ceilândia Sul. O déficit habitacional se mantém. Nasce o Setor O Norte, em seguida o Setor P - Norte e Sul" seguindo-se o Setor O **



Se dependesse somente dessa história maravilhosa, a Ceilândia não seria tão discriminada pois todos sabemos que o povo brasileiro tem memória bastante curta. Mas as malditas primeiras letras do nome da cidade é que nos fazem relembrar da Refavela. Porém, ainda recupero forças para acreditar que tudo voltará.

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