Soneto do amor e de lágrima
Amor, que o gesto humano na alma escreve,
vivas faíscas me mostrou um dia,
de onde um puro cristal se derretia
por entre vivas rosas e alma neve.
A vista, que em si mesma não se atreve,
por se certificar do que ali via,
foi convertida em fonte, que fazia
a dor ao sofrimento doce e leve.
Jura Amor que brandura de vontade
causa o primeiro efeito.; o pensamento
endoidece, se cuida que é verdade.
Olhai com Amor gera num momento,
de lágrimas de honesta piedade,
lágrimas de imortal contentamento.
Desconhecido
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