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Contos-->Louca Obsessão -- 13/10/2002 - 15:09 (DENIS RAFAEL ALBACH) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Gemia, ela, com o suor que a febre trazia sobre seu corpo. Um tremor constante que variava entre uma temperatura e outra. Invadia seu ser e sua alma. Alguma coisa ali que mexia na sua essência. Delirava entre o silêncio e o medo de revelar sua verdade. Presenciava sua prima que beijava o namorado, à beira da janela, ao brilho de uma luz romântica. Certo dia confessou à prima:
- Amo-o também, mas ele é teu – soltou seu receio – a dor que meu peito sente por não poder beijá-lo e talvez nunca tê-lo, minha prima, fere a minha alma.
Ana, admirada pela confissão de sua prima, atônita, não reagia aquele impacto. Não deixaria de amar seu namorado em favor da outra. Lorene, a prima enciumada, revelava sua dor:
- Estou ficando doente. Acho que em breve irei morrer pela falta de não tê-lo.Deixa-me, ao menos uma vez poder beijá-lo?
Ana a olhou com espanto.Devia ser uma loucura ou obsessão que se apossou da alma da prima. Talvez uma inveja profunda ou um ciúme descontrolado, pensava ela, se integrara ao espírito da prima.Na raiva feriu-lhe:
- Deves doer é sua alma. Sua doença é atributo do inferno.Foste possuída pela força do mal. Nunca o terá em sua vida. Teus lábios não tocarão os lábios dele. Nem mesmo ele saberá que tu o amas.
Lorene passou alguns dias sem poder se mexer da cama. Chamava pelo nome do amado que não ouvia sua fala. Clamava com vozes que ele a fosse vê-la, não tinha, porém, nenhuma reciprocidade. Outro dia após perdeu a fala. Sua febre, aquela paixão desconhecida que fazia cobiçar o namorado de sua prima, feria já seu corpo, seu psicológico, todos os seus sentidos. Certa vez se levantou, esforçando-se com desempenho a escutar a voz de seu amado, do outro lado da janela. Ana acariciava-o. Beijava seu rosto como se fosse sempre a primeira vez. Lorene via os lábios da outra tocar os lábios de quem ela tanto amava. Desejava aquela boca, depois seu corpo, sua alma, seu espírito...
Não podia tocá-lo, porém, a possessão de Ana permitia-lhe que morresse a tocar em alguma parte do namorado. Lorene ia morrendo.
No domingo antes do Natal, para agravar ainda mais seu estado, Ana anunciou à prima a data de seu casamento:
- Ele me pertencerá e eu o pertencerei, dessa vez registrado.
- Por acaso alguma vez já se pertenceram?
- Todas as noites nos pertencemos. Ele toma conta de meu corpo, despe-me, beija-me nua e me possui.Toca em meu corpo, desvenda os mistérios de minha imoralidade, e me deixa quente que até é preciso fazermos amor com as portas semi abertas para o vento nos refrescar.
Aguçada a curiosidade de Lorene, naquela noite, ela mesma pôs-se a sondar por entre as frestas da porta a cena do casal. As mãos fortes e pesadas daquele homem alisavam-se sobre o corpo nu de Ana. A prima a sondava. Cada parte lisa e macia da sensualidade de Ana era tocada pelos lábios molhados do namorado. Lorene sentia um desejo. Algo estranho em sua alma.Tudo aquilo que seus olhos viam, sua mente bem guardava. As curvas do casal repletas de ardor e paixão. Lorene, junto com sua febre, bem guardou aqueles momentos que se tornariam inesquecíveis.
Manteve seu segredo protegido. Não confessaria à prima nada mais do que seu amor por ele. Mas tanto quanto os dias do casamento dos dois se aproximavam, mais a ânsia e o desejo de roubá-lo martelavam em seu coração.
Chegou a repetir o nome do outro incontáveis vezes em seu delírio. Mas entre a falta de sorte de não poder tê-lo e vê-lo nos braços da prima, preferiu que ele não mais existisse. Desejou sua morte.
“Se não pertence a mim o ser que amo, por que pode pertencer a outro alguém?”.
A doença agravou-se imediatamente. E nas madrugadas sucessivas de febre e tremor, seu pensamento desejava a morte do amado.O devaneio rondava sobre seus pensamentos.Numa daquelas noites chamou a prima e disse:
- Disseste-me que minha doença é atributo do inferno. E que o mal me possuiu. Em partes não posso lhe negar estas verdades. O mal está em mim, nesta doença, e a ele, nos dias do meu delírio foi que pedi o que pedi e me concederá.
Sete dias depois daquela noite, houve a missa de sétimo dia do homem que as duas amavam.Lorene, irritada ao pé do ouvido de Ana, confessava sua raiva:
- Nunca me permitiu tê-lo! Aquele dia em seu caixão não me deixaste tocá-lo ao menos uma vez. Meus lábios não experimentaram dos seus beijos. Tirou de mim o homem que amava e restaram-se somente lembranças.
Já fazia o tempo de doze meses que aquilo acontecera. Foi quando Lorene chegou-se à presença da prima que não havia se recuperado do trauma funesto.
- Já faz um ano que o perdemos. Mas ainda me restam as lembranças. Todas as noites, em meu quarto, antes de dormir em minha cama, lembro-me da noite de amor que vocês tiveram e dos beijos que se deram. Recordo as partes de seu corpo, as mãos dele sobre sua nudez, suas bocas... Não me conformo em não poder ter tido e perdê-lo sem nenhuma chance. Mas sei que alguma coisa ficou.
- De que falas minha prima?
- Um pedaço dele ainda resta em ti. Estes teus lábios guardam a mesma essência daquela paixão. Ele ficou em teu corpo e só há uma força de trazê-lo para mim. Deixa-me beijá-la minha prima e conhecer a intimidade do teu corpo.Deixa-me tocar onde ele tocou e entrar onde ele entrou; Se eu te beijar, saberei que de certa forma estarei beijando os lábios dele. Ana, deixa-me possui-la como ele te possuiu.
Lorene beijou os seus lábios.Deslizou suas mãos sobre a maciez singular da prima, invadindo-se levemente nas partes íntimas de seu corpo. Entre um beijo e outro, sussurrava fracamente em seu ouvido.
- Descobri que a amo minha prima, amo-te tanto... Tu, tu também me amas?
- Por que me perguntas?
- Quero saber se me amas como te amo. Amo-te no mesmo delírio que amei ao falecido. Mas antes de me responder, pergunto-te se te lembras da força que tem o meu delírio. Então, responde-me minha prima, tu me amas?









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