Às vezes, olhando pela janela do escritório sinto-me sufocada. Vejo prédios, pontes, rodovias, um vai e vem de carros que não acaba mais, a fumaça escura dos escapamentos poluindo ainda mais esta cidade já tão castigada. E chego a triste conclusão de que não vivemos e sim sobrevivemos em meio a essa confusão.
Pra toda ação tem uma reação... é só olhar ao redor. A cidade se desenvolveu, muitas indústrias foram criadas, muitos serviços oferecidos, muitas gente migrando para cá com a ilusão de uma vida melhor, de novas oportunidades. Por outro lado a cidade está saturada, não conseguimos circular pelas ruas sem ao menos enfrentar um congestionamento. Ficamos preocupados quando chove temendo as enchentes que, na verdade, são causadas por nós mesmos ao jogarmos aquele simples papelzinho no chão sem nos preocuparmos com as consequências que esse "simples" ato pode acarretar. Temos medo da crescente violência, dos cruzamentos, das pessoas que se aproximam de nossos carros e disparam nosso coração, mesmo sem ter a intenção de nos fazer mal algum. Vivemos em alerta, parece que tudo nos ameaça, nos tornamos pessoas neuróticas quando deveríamos viver em paz, com qualidade de vida...mas qualidade de vida é tudo o que não temos aqui e mal sabemos o que isso significa. Não é difícil perceber que nos tornamos pessoas inseguras, desconfiadas, distantes. Talvez alguns ainda carreguem dentro de si a esperança de dias melhores e outros apenas estão acostumados a viver assim, um dia após o outro, fazendo o que deve ser feito e não o que realmente gostariam de fazer. E assim o tempo vai passando... passando e não percebemos, vamos adiando nossos sonhos, vamos adiando viver a vida.
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