Não que se diga que é saudade
Este oco de alma que vem comigo.
É antes um desconhecimento de mim,
E de tudo, quando não estou contigo.
E nem se diga que é só saudade
Este fastio das coisas que me invade.
É antes um desfalecimento das cores,
Do Sol, da Lua, das nuvens e flores.
Alguém dirá, ainda, que é saudade
Esta casmurrice que me acompanha.
É antes a Terra que ficou mais triste
E pranteiam seus rios, vales e montanhas
Outros dirão que é só saudade
Esta impaciência com o tempo presente.
É antes uma dobra do tempo,
O vácuo restante do ser ausente.
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