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Artigos-->COM A VITÓRIA DE DILMA ACORDEI ALIVIADO -- 02/11/2010 - 15:13 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
COM A VITÓRIA DE DILMA ACORDEI ALIVIADO



Délcio Vieira Salomon



Hoje, diante da vitória da Dilma, acordei aliviado. Paradoxalmente, talvez, se tivesse votado nela, não estaria tão aliviado. É que está finalmente superado o conflito expresso na “escolha de Sofia”.



Acabo de receber um e-mail de amiga fraternal, aliás até mais, diria “parente”, porque é esposa do irmão de meu cunhado, dizendo o seguinte:



Entendi teu dilema e espero, com minhas pobres palavras, abreviar-lhe o sofrimento: O Brasil está, hoje, muito melhor do que estava há oito anos atrás! Há corrupção? Sim. Há desmando? Sim. Mas diga-me, querido amigo: nunca tivemos isso no Brasil (ou nunca existiu isso, no mundo)?

A candidatura Serra é fruto de uma ambição pessoal. Tivesse o PSDB (junto com o falido DEM) optado pelo Aécio, talvez o caminho da Dilma fosse mais tortuoso. Mas, agindo nos bastidores (e de madrugada, como é de preferência do Serra), o PSDB optou pela candidatura errada. Agora, penso eu, se nem uma coligação partidária está coesa, como pretendem governar o Brasil?

Serra jurou, de pés juntos (embora não se pudessem ver os dedinhos em cruz), que não deixaria a prefeitura de S. Paulo para concorrer a nenhum cargo público. NÃO CUMPRIU. Serra jurou, de pés juntos, que não deixaria o governo do Estado de S. Paulo para concorrer a nenhum cargo público. E, NOVAMENTE, NÃO CUMPRIU. O que me levava a crer que ele cumpriria que estava prometendo?

Há milhões de coisas a serem feitas, mas o melhor é darmos o primeiro passo.

Votei em Dilma porque ela representou, para mim, a vitória de uma luta contra a ditadura, num tempo em que muitos de nós (eu, inclusive) só abríamos a boca num círculo restritíssimo de amigos. Foi parar na prisão, enquanto nós (eu, inclusive) escolhíamos onde passar nossas férias. Ela deu a "cara a tapa" enquanto nós (eu, inclusive) escolhíamos qual roupa iríamos vestir para a festividade do Natal.

Não tenho a ambição de mitigar suas dúvidas: Apenas, como amiga que me considero, espero ter podido ajudar em algo.



Vou aproveitar a resposta que lhe enviei e acrescentar, em mistura, algo ao texto original.



Gostei de ler o que me mandou. Então, no que se refere ao Serra como pessoa, como político capaz de passar por cima de tantas coisas, inclusive, de amigos, para atingir seu objetivo, não há o que negar.



Alegra-me particularmente ler o que disse a respeito da relação Serra e Aécio Neves, ainda mais sabendo que você é paulista (e paulistana!) e tem a lucidez de se expressar como se expressou. De certo modo veio confirmar o que há muito já percebi: O PSDB é um partido eminentemente paulista e jamais permitirá que um mineiro se candidate a presidente. Só o Aécio é que acredita no contrário!(será que acredita mesmo?)



Como disse, tive muitas trocas de e-mails, discussões de idéias, legítimos debates com vários amigos e todos praticamente concordaram que estávamos diante do conflito consagrado como "a escolha de Sofia".



Até o último instante minha tendência era votar nulo. Só não o fiz, com receio de contribuir, como em 2006 com a continuação de Lula e o PT no poder (o que, infelizmente acabou acontecendo lá e agora).



Tenho contra Serra, muitas resistências. Além das que enumerou, notadamente duas específicas:



1ª) a volta do FHC ao poder travestido de Serra (escrevi até livro, além de inúmeros artigos no Estado de Minas criticando FHC no poder);



2ª) a volta de Paulo Renato como Ministro da Educação, figura nefasta para a educação pública, uma vez que defende a “educação como bem de comércio ou serviço que possa ser explorado com fins de lucro”, conforme denunciei em artigo à época publicado pelo Estado de Minas”. Sintetizando:



Enquanto se esboça o movimento de resistência liderado pelas Universidades Públicas, o Ministro da Educação Paulo Renato participa do movimento capitaneado pelos EUA, Austrália e Nova Zelândia, com a anuência da OCDE, o Banco Mundial e outras entidades significativas, no sentido de que haja “liberalização sem limites dos mercados provedores dos serviços educativos”.



Quem me acompanhou a carreira acadêmica desde Professor no Colégio Municipal (de 1959 a 1986) , UFMG (desde Auxiliar de Ensino em 1969 a Livre-Docente em 1977, aposentando em 1994, além de diretor da FAFICH de 1978-1981), minha luta no Movimento Docente, sabe quanto me identifiquei com a educação e o ensino público. Por isso jamais poderia concordar com esta concepção de Paulo Renato. Além disso fui um dos poucos entre os professores da época que tiveram a coragem de levantar a voz contra Coronel Jarbas Passarinho, então Ministro da Educação da Ditadura Militar, quando decretou o esvaziamento do ensino público e incentivou as escolas particulares.





APESAR DE TUDO ISSO, ACABEI PENDENDO PARA O SERRA, "tapando o nariz" Minha tendência, repito, era o voto nulo...



Durante as discussões pela internet, fiz questão de frisar: em sã consciência não podia votar em Lula e no Pt (embora contra o Collor tenha votado nele, contra FHC e na sua vitória em 2002), por várias razões, diante da decepção que me causou:



1- Apesar de reconhecer tudo o que Lula fez nesses oito anos, meu voto não poderia ser ideologicamente voto de gratidão nem de reconhecimento pelo que fez. Meu olhar não é o de retrovisor. Não estava voltado para o passado, mas para o futuro e sentia o prenúncio do caos em pouco tempo, a continuar a partidarização do Estado pelo PT. Além do mais, a psicopatia que tomou conta do presidente o faz pensar ser o dono do Brasil. Sinceramente Lula, além de caso patológico, é digno de figurar nos tratados de teratologia.



2 - Lula para mim, desde o mensalão, passou a ser o maior mistificador da história. Ao escorar-se em seus 80% de popularidade, perdeu a compostura, pisoteou a Constituição, transformou seu cargo de Presidente da República em palanque eleitoreiro, usou escandalosamente a máquina do Estado para fazer campanha para sua candidata.



Esqueceu a dignidade do cargo, para surfar em cima da onda criada pela pesquisas de opinião. Como expressei em poema que deve ter lido: "1% de dignidade vale mais que 80% de popularidade". Seus “distúrbios patológicos” não lhe permitem ver isso.



Aliás, essa popularidade, por outro lado é discutível. Quem entende de pesquisa de opinião sabe que, se o índice de popularidade fosse verdadeiro, Dilma teria obtido a transferência total ou aproximada desse percentual e acabou não tendo. Ou, em raciocínio paralelo: se somarmos o percentual contrário (44% do Serra mais o percentual de votos nulos, que acredito deve ter superado os 10%, nem me refiro aos brancos, a superioridade de Dilma cai bem, o que mostra que não houve transferência da popularidade de Lula para ela. Haja vista que não ganhou no 1º turno, como Lula acreditava em sua arrogância.



En passant: se ele é homem de partido como diz, por que não seguiu o ritual de escolher o candidato no PT? Todos vimos: acabou impondo Dilma goela abaixo...Hoje o PT mais do que nunca é caudatário de Lula e sua propriedade. Qual o quadro, fora Lula e sem seu apoio, que o PT tem para comover a multidão e, diria, para ganhar uma eleição?



Veja não estou negando o carisma de Lula. Dói-me pensar que sob o manto desse carisma a sordidez se esconde...



E continuando a interrogação: Será que Dilma manterá a tutela de Lula o tempo todo, ou melhor, continuará marionete do Lula até o fim de seu mandato? Se sim, triste para esse país. Lá fora, estarão rindo de nós: a primeira mulher na presidência, que preside mas não governa, porque é governada...O "pais da macaquice se repetirá mais uma vez"?....



Mas é possível que, em sendo verdade que ela tenha personalidade forte como apregoam, o sangue de guerrilheira que foi, volte a borbulhar, "a criatura se volte contra o criador". Já imaginou o que não acontecerá nessa hipótese, se concretizada? Dizer que virá o caos, será pouco! Quem conhece a militância do PT e a arrogância de Lula é capaz de imaginar mais do que qualquer previsão!



3 - The last, but not the least: continuando o Pt no poder, notadamente o lulismo, continuará a institucionalização da mais deslavada corrupção, "nunca dantes havida na história desse país". Veja o número de cargos ocupados por petistas, sem concurso, o gasto que está custando o Executivo para sustentar verdadeira “quadrilha”... Ah, dirão alguns petistas, se for verdade, está aí o Legislativo e sobretudo o Judiciário para barrar essas nomeações?! É de rir de quem assim argui. É só olhar como anda o Congresso, o Judiciário, sobretudo o STF...



Minha cara amiga me lembra: "Há corrupção? Sim. Há desmando? Sim. Mas diga-me, querido amigo: nunca tivemos isso no Brasil (ou nunca existiu isso, no mundo)?



A suas interrogações ouso simples resposta: Concordo, mas nunca ouvi falar, nem nunca li em algum lugar que tenha havido corrução igual a implantada por Lula, sem que tenha havido punição. A impunidade no e do governo Lula nunca houve em lugar nenhum e nunca dantes na história desse país.



E temo que Dilma não terá pulso para contê-la. O caso de sua sucessora na Casa Cilvil, amicíssima sua e por ela indicada para substitui-la – a tal de Erenice - já é um sinal de que não conseguirá. É o que nos adverte Arruda Sampaio:



Plínio de Arruda Sampaio (Psol), afirmou nesta terça-feira ao Terra que o grande problema da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), será "administrar a bancada fisiológica" eleita no Congresso e disse acreditar que o mensalão vai voltar. "Acho que vai rolar muito mensalão".(< http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias>)



Diante de tudo dito e do muito não dito, só me resta com honestidade torcer pela Dilma. Torço para que ela não apague, com os vapores do poder, o ideal que a levou a ser guerrilheira, sofrer três anos de prisão e de tortura, o que, como já apontei em várias ocasiões e em vários e-mails enviados aos parentes e amigos, constitui título emblemático para ela e para nós motivo de gratidão, porque a ela e a tantos que lutaram contra a ditadura militar, pegando ou não em armas, devemos a derrocada dos militares no poder e a volta gloriosa da democracia ao país.



Não será esse laivo de esperança que me fez acordar hoje aliviado, superando todos os conflitos e todos os paradoxos?





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