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Poesias-->OS ANJOS DA MEIA-NOITE -- 19/12/2002 - 18:32 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Castro Alves

OS ANJOS DA MEIA-NOITE

Fotografias

Quando a insônia, qual lívido vampiro,

como o arcanjo da guarda do sepulcro,

vela à noite por nós.

E banha-se em suor o travesseiro,

E além geme nas franças do pinheiro

Da brisa a longa voz...

Quando sangrenta a luz no alampadário

Estala, cresce, expira, após ressurge,

Como uma alma a penar.;

E canta aos guizos rubros da loucura

A febre – a meretriz da sepultura –

A rir e a soluçar...

Quando tudo vacila e se evapora,

Muda e se anima, vive e se transforma,

Cambaleia e se esvai...

E da sala na mágica penumbra

Um mundo em trevas rápido se obumbra...

E outros das trevas sai...

.....................................................................

Então... nos brancos mantos, que arregaçam,

Da meia-noite os Anjos alvos passam

Em longa precissão!

E eu murmuro ao fitá-los assombrado:

São os Anjos de amor de meu passado

Que desfilando vão...

Almas, que um dia no meu peito ardente

Derramastes dos sonhos a semente,

Mulheres, que eu amei!

Anjos louros do céu! virgens serenas!

Madonas, Querubins, ou Madalenas!

Surgí! aparecei!

Vinde, fantasmas! Eu vos amo ainda.;

Acorde-se a harmonia à noite infinda

Ao rôto bandolim...

...............................................

E no éter, que em notas se perfuma,

As visões s`alteando uma por uma...

Vão desfilando assim!...



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