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cronicas-->SAPATOS FURADOS -- 31/07/2002 - 11:40 (ODAIR PERROTTI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
E lá ia eu todo contente: afinal, minha mãe estava me levando à Casa de Calçados para comprar sapatos.
Eu gostava de comprar sapatos. Aliás, até hoje, os tênis não me vão bem: prefiro um bom par de sapatos.
Entravamos na casa de calçados e lá vinha o gerente, nosso vizinho antigo, nos atender. Não vinha só porque era vizinho, mas porque
naquela época quem tinha crediário e o honrava era tratado de forma diferenciada.
Eu me punha a experimentar os sapatos. Um, dois, três,
até achar o modelo e o tamanho.
Escolhidos os sapatos, geralmente não passava de um par, minha mãe se dirigia
ao balcão onde acertava os tràmites relativos ao crediário. Eu ficava ali, ao seu lado, observando-a finalizar a compra.
Dia de sapato novo.
Saia com meus sapatos desfilando como top model. Tinha orgulho de meus sapatos. Afinal, minha mãe os comprara para mim. Eu gostava demais de comprar os benditos sapatos. Como me dava prazer. Era do
convite à compra até sair para passear com os sapatos novos, porque trabalhar, ir à escola, coisas do cotidiano, só de sapatos velhos.
Acontece que os ditos sapatos tão queridos sempre me importunavam nas pontas dos dedos. Eu andava e sentia aqueledesconforto próprio de sapatos apertados, mas, apertados apenas e tão somente nas pontas dos dedos. Só não doíam muito porque eram de pelica, os sapatos.
Invariavelmente, furavam na ponta dos
dedos. Furavam embaixo também, na sola, mas uma boa meia-sola resolvia o problema. Mas na ponta dos dedos?
Sim, não furavam encima mas na ponta dos dedos naquela parte lateral que rodeia os sapatos.
Nem na parte de dentro dos pés nem na parte de fora, nem atrás.
Na ponta dos dedos.
Era uma sensação horrível.
Me sentia assim meio desnudo, com vergonha das pontas dos meus dedos.
E, claro, os sapatos não tinham hora para furar, portanto, não foi nem uma nem duas vezes que eu me sentia ridículo voltando para casa de algum passeio com meus dedos ou um dedo de fora.
Aquele dedo
Aquele ao lado do dedão, que quando é maior que o referido dedão, a mulher manda no marido (pelo menos é o que dizem).
Ah, como me incomodava aquela ponta de dedo fora dos meus até então queridos
sapatos.
Certa vez, fui mandar fazer um par de sapatos e o artífice tirou a medida de meu pé. Aí, foi que descobri que calçava
quarenta e quatro e meio. A Casa de Calçados só comprava sapatos até o número 43 porque vendiam mais.
Estavam explicados os furos nos meus
sapatos.
Hoje, compro calçados na medida de meus pés, mas o prazer em comprá-los já não é o mesmo.
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