CROATTO, José Severino – A Relevância Sócio-Histórica e Hermenêutica do Êxodo. In: Concilium 209 (1987) 133-141.
“Não foram saídas de lugares de cativeiro para ir a um lugar livre, mas atos de libertação no próprio lugar em que se sofria a dominação interna ou externa”. (p. 134) Nesta premissa está presente a tese do autor, que diz que o êxodo proporciona uma hermenêutica que atinge a práxis sócio-histórica que pode ser aplicada - e vem sendo - às mais diversas situações vivenciais em que a vítima se encontra.
Sendo Javé o Deus que liberta e está com o povo em todos os momentos, até seu próprio nome passa a ser sinônimo de libertação, pois é referencial para os oprimidos clamarem por liberdade e justiça durante toda a construção dos textos sagrados.
Assim, vemos a relevância sócio-histórica que foi sendo implantada na mentalidade daquele povo – Israel – que se viu em meio a diversas nações poderosas e, com um grito àquele que realmente liberta, não só concretamente, mas também conscientizando da necessidade de luta contra os opressores: Javé – o Deus libertador.
Tratando-se de hermenêutica, a questão do êxodo tornou-se paradigma para reflexões que se propõem a lutar pela causa da vitima; contra todos os mecanismos de dominação e exclusão presentes no meio social.
À medida que a produção de sentido vai tomando corpo, percebe-se as várias possibilidades de leituras que vamos tendo no panorama geral da Bíblia, ainda mais quando tomamos como referencial a práxis sócio-histórica como ponto de partida.
Finalmente, temos as leituras da Bíblia como reconstruções a partir de novos contextos, fazendo aquilo que é o natural de um texto que pretende ser vital à humanidade: revelar Deus hoje de uma forma que traga libertação.