Insónia, cólica, cansaço, melancolia, enfim: uma madrugada triste. E o pior é que os dias têm sido assim, os meses... A apatia se instalou de tal forma que minhas reações andam fugidas. Aliás, acho que não só as reações andam fugindo... Tenho fugido do sol, da rua, dos amigos, dos inimigos, do espelho, de mim... Fiz um buraco na cama e está difícil sair dele. Penso, repenso... Passo o filme da vida... Tento ficar feliz com os momentos agradáveis passados e procuro insistente a causa, a fórmula que me fizera dar sorrisos tão saudosos. Inútil procura. Desisto e penso, então, numa forma de consolo. Devo estar crescendo, aprendendo, nascendo para uma nova vida. Pois devo me lembrar do ensinamento de Lispector: "A dor de hoje será amanhã tua alegria; nada existe, que escape a transfigurações".
Ah! Se a vida se levasse pelo que se lê, pelo que se escreve ou até mesmo pelo o que se aconselha. E olha que tento aplicar todos os ensinamentos para poder sofrer menos! Mas já que não existe crescimento sem dor e nem amor sem medo, mato o meu leão do dia e corro para a vida! Afinal, vida é presente. E nunca se deve recusar um presente! Amanhã sairei, acordarei o dia e abrirei um lindo sorriso para o sol. Respirarei fundo e darei um abraço de boas vindas na nova página da vida que acabo de virar agora...
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