Usina de Letras
Usina de Letras
15 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62285 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50672)

Humor (20040)

Infantil (5458)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6209)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Pedreiro intelectual -- 29/07/2002 - 17:49 (Marcos Pedreiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma das piores notícias da semana passada foi uma notícia velha: o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, segundo relatório da ONU. Embora nossa mídia e o FHC tenham logo tratado de desconversar, exaltando a pequena progressão no IDH, o fato mesmo é que continuamos mal e somos vergonha no mundo por um título inglório. Nossa má distribuição de renda parece destinada à eternidade, desafiando e vencendo gerações de brasileiros.
Das formas pelas quais essa concentração se realiza, talvez a mais importante seja a divisão entre trabalho manual ("o pedreiro") e intelectual("o diretor de banco"). Aspecto que já era ressaltado por Paul Singer - hoje professor na Faculdade de Economia da USP - em livro da década de 80. Hoje, depois da Terceira Onda informacional, a coisa só se acentuou. A proporção entre os ganhos é escandalosa: não é exagero supor que um CEO (o Chefe do Executivos do Escritório, na sigla em inglês) deve ganhar em torno de 30 vezes o salário da faxineira de uma mesma empresa.
Absurdo possível apenas na esteira da cultura de um país que por 400 anos manteve regime escravista, onde havia os que trabalhavam e os que viviam. Quando todos passaram a trabalhar, a divisão se deu entre o bom e o mau trabalho, com valorizações discrepantes que se refletem na diferença entre as rendas.
Precisamos recuperar essa distorção histórica e desumana, que contraria mesmo o funcionamento capitalista do Brasil (para quem pensar que estou sendo radical demais: todo economista bom sabe que um grande empecilho ao desenvolvimento brasileiro é a falta de poupança). O caminho simples seria a reivindicação de maiores salários. Mas não será fácil segui-lo enquanto não tivermos a nítida noção de que cada trabalho é essencial, que o gari que varre a rua não é um ser humano menos valioso que o gerente da estatal, e que por isso merece viver com dignidade.
Não acredito que exista essa consciência hoje, em nosso tempo de valores individuais como Ronaldo e Gisele Bundchen. Nem nunca houve. Na época e local onde meu vó viveu, dava-se pouco valor a um pequeno agricultor ou a um cortador de cana. Bom era ser pedreiro ou comerciante, atividades que ele exerceu. Mas estas não progrediram muito desde então, justamente por que os primeiros não ganharam o suficiente para ter mais casas e comprar mais produtos - salvo a cachaça, para esquecer as "tristeza". Ou seja, todos perdemos no longo prazo. Um microcosmo do Brasil.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui