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Contos-->Amarelo gema, sem calotas -- 04/10/2002 - 15:30 (Túlio Pires Bragança) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Amarelo Gema, sem calotas

Passa sempre, metodicamente às 17:35. Às vezes direto, outras para no sinal. É amarelo gema, sem calotas, vidros escuros de um jeito que não consigo ver quem o dirige, nem quantas pessoas estão lá dentro.
Estou esperando o ônibus que me leva pra casa. Religiosamente aparece. Não tenho a mínima idéia de quem o conduz.
Certamente seu motorista não quer se identificar, a película negra nos vidros e a falta de calotas diz tudo.

Um criminoso atrás do próximo delito ou fugindo dos policiais! Saindo sempre de seu QG às 17:30. O horário tem que ser o mesmo pois é baseado na ronda policial feita no bairro. Os policiais nem desconfiam que aquele escritório de advocacia na verdade é uma grande fachada para atividades ilegais. Além do tráfico de drogas, recentemente seus comparsas adentraram no mundo do aliciamento de menores. O motorista do amarelo sem calotas é dono de uma "holding" do crime. Seu nome é Haroldo Mendonça. Sua holding tem planos de ampliar sua atuação, adentrando para o ramo de tráfico de armas, crianças e órgãos.

Um homem da publicidade! Imaginem como é a mente de um sujeito que escolhe como cor de seu carro o amarelo gema. O motorista do gema preenche todos os pré-requisitos para ser publicitário: é esnobe e pedante. A película negra nos vidros do seu carro evita o contato com o povo: pedintes, vendedores ambulantes e folheteiros. Seus gostos são estranhos, come muito brócoli, também é freguês de carteirinha dos garotos de programa do centro da cidade. Seu codinome é "Haroldinha Cratera Louca". Sua casa fica num condomínio fechado, longe da cidade e de todas as mazelas da sociedade. Lá tudo é límpido e belo, seus vizinhos são ricos e cheirosos, as ruas pavimentadas e a água encanada. Uma pequena Escandinávia encravada nos trópicos.

Um político com sua amante! Amarelo gema é o carro oficial para traições, segundo ele. Sua voraz amante também é sua secretária particular. A rotina dos dois é a seguinte: Branca sai sempre do expediente às 15:00, Haroldo sai às 15:10, horários diferentes para não serem notados. Ocasionalmente Haroldo briga feio com a secretária, mas é tudo encenação. Seu desejo é que pensem que odeia Branca. Às 15:15, Haroldo, já dentro do amarelo gema sem calotas, pega Branca em uma esquina da Avenida, três quadras distante da prefeitura. Juntos vão para um apartamento, chegam lá por volta das 15:35. O apartamento, situado no terceiro andar de um prédio sem elevadores é do político, existe apenas para seus encontros com Branca. Às 15:40, os dois corpos estão entrelaçados na cama fazendo Branca merecer seu alto salário. Haroldo sai do apartamento ás 17:30 para buscar seus filhos na escola. Sílvia, sua esposa, de nada desconfia daquele romântico e carinhoso homem.

Tive um sonho enquanto dormia no domingo à tarde. Saí do trabalho e esperava o ônibus, o amarelo gema passou como de costume. Logo depois veio meu circular. A caminho de casa vejo um acidente feio com o gema, bombeiros cortando o carro para retirar um corpo. Lá está o motorista, decapitado e ensangüentado. O mistério não tem fim.

Túlio Pires Bragança
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