VAZIO...
Deitada na minha cama,
sossegada, olhando o tecto,
sinto a cabeça vazia,
sem ideias, sem projecto.
É um raro estado d’alma,
espírito amorfo, esquecido
que a vida é dura e não pára;
destino é pra ser cumprido.
Qualquer coisa me desperta:
mosquito, carro a passar,
ruído acima da média...
Tenho pena de acordar.
Não tem remédio, já está
e não há nada a fazer.
O melhor é levantar
que não há tempo a perder.
De novo, o trabalho espera.
Volto à vida, mais um dia.
Esforço é retirar o corpo
mole, da cama vazia.
Tão vazia como a alma,
a cabeça, o coração.
As mãos... dessas, já nem falo;
só abraçam solidão.
20/10/2001
Laura B. Martins
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