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Artigos-->UMA NOITE INESQUECÍVEL -- 04/10/2010 - 19:13 (Roberto Stavale) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Desde fevereiro de 1959, quando passei a fazer parte da APBA – Associação Paulista de Belas Artes – era costume sairmos à noite, ou para ir ao Gouveia, desaparecido com a primeira implosão acontecida em São Paulo, ou no restauramte Papai do Largo da Sé, enfim, em outros bares, restaurantes, cabarés e bilhares das noites paulistanas.

Os companheiros de sempre eram: Borguese, maestro Alberto Marino, Caruano, Célio Moura, Zechetto, Antonio Rodrigues entre outros que apareciam raras vezes.

Certa quinta-feira do ano de 1963, enquanto tomávamos cerveja no Gouveia, Borguese nos convidou para que fôssemos a Cantina do Braz, no dia seguinte, sexta-feira a noite, aonde ele iria se encontrar com seu velho companheiro, o famoso cantor e compositor Paraguassú.

Vamos conhecer mais sobre a carreira artística desse cantor e compositor.

Nascido na cidade de São Paulo aos 25/5/1890, no bairro do Belenzinho, encostado ao Brás, filho de imigrantes italianos, batizado com o nome de Roque Ricciardi.

Ficou famoso como seresteiro na região do Brás, de onde veio a sua primeira alcunha: “O italianinho do Brás”. No início de sua carreira apresentava-se em cafés-concertos e bares a troco de sanduíches, cervejas e algumas gorjetas dos fregueses.

Naquela época esses cantores de cafés se mantinham por meio de outras profissões – Roque fora aprendiz de tipógrafo e ferreiro, além de cantar e tocar violão. Paraguassú foi o primeiro cantor paulista a alcançar renome nacional, sem ter se transferido para o Rio de Janeiro.

O nome Paraguassú foi sugerido por Catulo da Paixão Cearense.

Entrou para a Columbia em 1927 e vários de seus sucessos como “Madalena” que teve o acompanhamento de Canhoto.

Quando, em 1927, havia somente seis casas de discos na cidade, Paraguaaú conseguiu vender mais de mil discos por dia de sua música "Bentevi".

Paraguassú é autor de vários métodos de violão, alguns vendidos até hoje.

O primeiro cantor a atuar no Rádio paulista foi Paraguassú, em 1923, na noite da inauguração da Rádio Educadora Paulista, no Palácio das Indústrias. Foi acompanhado pelo Trio Bandeirante, integrado por Alberto Marino, Ernesto Bevilacqua e Artidoro Pigati.

Na década de 20 fez gravações para a Casa Edison e ingressou em 1924 na Rádio Educadora Paulista, passando depois ao elenco da Columbia, onde trabalhou com o maestro Gaó.

Seu último grande sucesso foi a modinha "Perdão, Emilia" (J.H. Silva/ Juca Pedaço), de 1945.

O primeiro conjunto regional a acompanhar Paraguassú, no rádio, foi o de Américo Jacomino, o inesquecível Canhoto do violão, autor das valsas “Abismo de rosas”, “Triste carnaval” entre outras..

O artista que eu iria conhecer, depois do Belenzinho. sempre residiu no bairro do Brás, ali veio a falecer aos 86 anos, no dia 05/01/1976.

Innocêncio Cabral Borguese, (1897/1985), paulistano, artista plástico e poeta conheceu Paraguassú, quando também tocava violão nos cafés e restaurantes da cidade.

Mas, vamos voltar ao tempo, e relembrar aquela noite com Paraguassú.

De toda a turma apenas fui eu, maestro Alberto Marino, Borguese, Célio Moura e Caruano.

Saímos todos de bonde da Praça Clovis Bevilaqua e fomos em direção ao Brás.

Quando chegamos a Cantina passavam das nove da noite, e lá já se encontra Paraguassú cercado de fãs e de amigos.

Ao ver Marino e Borguese ao meio das mesas, se levantou e em gestos amigáveis nos chamou para o seu lado.

Os garçons prontamente colocaram mais mesas, para ficarmos praticamente em uma mesa só.

Fomos apresentados e abraçados carinhosamente pelo dono da noite.

Quando Paraguassú viu Marino, na época maestro da Sinfônica Municipal, antigo companheiro do Trio Bandeirante, simplesmente chorou. Fazia tempo, que os dois não se encontravam.

Depois de muita conversa, e nos fartarmos de pizzas, vinho e cerveja, teve inicio uma não esperada serenata.

Marino não sabia explicar s razão de não ter trazido o seu famoso violino, pois Paraguassú acompanhado de um, sonoro violão, junto da rapaziada, começou a tocar e cantar “Rapaziada do Brás” a valsa mais famosa de Alberto Marino.

Alberto Marino (1902/1967), filho de emigrantes italianos, nasceu também no Braz. Foi fundador da Rádio Educadora Paulista, em 1924; diretor artístico da Rádio Kosmos e Cruzeiro do Sul, hoje Rádio América; fundador da Orquestra Estadual, membro e regente da Orquestra Sinfônica da Orquestra do Teatro Municipal de São Paulo. Em 1960 pelas mãos de Borguese ingressou na APBA.

Ao som daquelas serestas comecei a recordar as serenatas feitas na casa de Marino em Itanhaém, ou na casa do artista plástico Bernardino de Souza Pereira, vizinho de Marino;

Ao meu pedido para terminar, pedi para Paraguassú cantar “Perdão Emilia e Ontem ao Luar”

Quando percebemos já eram cinco da manhã e os funcionários queriam fechar a Cantina.

Fomos embora depois de abraços e promessas de voltar sempre.

Quase sempre, aquele grande artista, que conheci pessoalmente, em gravações como “Mágoas de Alguém”, ele deixava registrado uma entrevista como no grande sucesso dessa canção, como – “No final dos aos de 1920 e início de 30, vários suicídios foram cometidos depois de ouvirem o disco. Continuando ele diz que, um foi em Campinas, outro em Limeira, Coritiba, Rio Bonito e Rio de Janeiro, e que guarda até o momento recortes de jornais e cartas recebidas sobre o episódios”.

Em outro depoimento ele conta do amigo de seu pai Dom Sebastione, que tinha um Teatro de Marionetes na Rua Piratininga, Brás, que ao viajar para a Itália, trouxe um gramofone marca Victor. De tanto insistir Dom Sebastione emprestou o aparelho a seu pai. Foi um sucesso entre os patrícios do Belenzinho. Era a primeira vez que viam ouviam uma máquina que falava e cantava. Ele, garoto acordou cedo para pesquisar melhor o instrumento. Levantou a caixa e percebeu que o mecanismo de um relógio girava na manivela o disco que estava lá dentro. Não havia ninguém como ele imaginava. Mas pensou consigo mesmo que iria gravar a sua voz em uma daquelas parafernálias. Mal sabia que, ao correr do tempo gravou milhares de fiscos para o deleite do povo.

Em outra entrevista gravada ele conta da namoradinha, um espécie de amor platônico, que ele tinha na rua do Gasômetro no Braz. O nome dela era Madalena, nome de uma de suas canções.

Seu pai tinha uma ferraria e um armazém de secos e molhados, o qual ficava ao encargo da mãe. Tudo para sustentar a família de sete filhos.

Os primeiros bondes já estavam circulando. Fomos para a cidade, e de lá cada um seguiu o caminho de casa

Fui nostálgico pensando e sacolejando naquele velho bonde aberto, o 47 – Vila Clementino, enquanto via o dia nascer; De fato foi – uma noite inesquecível!



Roberto Stavale

Outubro de 2010.-

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