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Poesias-->Sétimo Sentido -- 15/12/2002 - 23:14 (ligia mello) |
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Amordaçam-me a voz
(sons interiores traduzindo cores
de vívidos matizes).
Meu coração - uma galeria
de quadros felizes.
Vedam-me os olhos ao mundo
(imagens rubras, revelando a fuga
de retinas ávidas).
Minha perspectiva - entre todas,
a mais lúcida.
Negam-me o cheiro das manhãs
(seiva da terra, germinando frutas raras).
Meu aroma - uma aura cítrica
de maçãs.
Cassam-me o gosto das paixões
(na vertigem das bocas,
amores tardios e loucos).
Minha sede - sempre infinita
e água tão pouca.
Encerram-me na cela dos horrores
(tateiam as horas pelos sulcos
da parede fria).
Minha loucura - negra passagem
entre a noite e o dia.
Condenam-me ao exílio interior
(sob o açoite assassino,
a interminável angústia).
Minha pena - privação muito além
dos cinco sentidos.
Tudo em vão... Ainda me resta
um derradeiro lenitivo:
na inexpugnável prisão,
o poder do sonho - uma fresta
por onde escapo ilesa
e sobrevivo.
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