Zé Limeira nêgo velho
Cabra de sabedoria
Que no cordel alumia
Para mim é como espelho
Refletindo seu conselho
Pergunta-me a toda instante
Se existe o bicho elefante
Só porque ele nunca viu
Mesmo depois que partiu
Jamais viu esse gigante.
Vou explicar doravante
Que o bicho é descendente
Dum ancestral seu parente
O mastodonte possante
De uma era bem distante
E com o mamute extinto
Isso é ciência, não minto!
Coisas de arqueologia
Descobertas de valia
Queu te descrevo e pinto.
Pode afrouxar o cinto
Quesse bicho é de Vera
E minha prosa é sincera
Vou procurar ser sucinto
Como o povo de Corinto
Na África, Ásia ele mora!
Também na Índia afora,
No zoológico constatei
Ele existe, até peguei!
Juro por nossa senhora.
Eu vou falar sem demora
Ele é cinza e esquisito
Tem tromba e solta grito
Cada dente é uma tora
Por comida ele implora
Tem três metros de altura
É grande, mas tem ternura!
Rabo curto pro tamanho
Ele adora tomar banho,
É uma dócil criatura.
Tem peso e formosura
Quatro toneladas pesa
Se pisa alguém já lesa
E digo não tem mais cura
Nem com reza ou atadura
É o maior bicho terrestre
Pode acreditar meu mestre,
Mas caminha pra extinção
Pela cobiça e ambição
De muito cabra da peste.
Vem gente de leste oeste
Cobiçar o seu marfim
A turma de gente ruim
Que na maldade investe
Eu não tiro um que preste
Mata o bicho e leva o dente
Mercenários do oriente
Deixa o corpo apodrecendo
Nesse crime vai vivendo
Sem um castigo aparente.