SOLIDÃO
Manhã de inverno, coração sem brilho,
E aquela saudade imensa do burburinho da casa.
Silêncio confuso de riso e pranto,
Criança correndo sem rumo e sem rima,
Talvez seu destino tentando encontrar..
Por que tanta pressa?
Onde o chinelo quentinho?
Onde o gostoso café?
Onde o cantinho gostoso da espera,
Da espera de alguém que já vem,
Ou de alguém que já foi?
O telefone emudece de vez.
Pra que tocar? Por quem chamar?
Abre a janela.
Silêncio nublado, aguardando o sol chegar.
Mas o sol não chega.
Entre a saudade do vem e do vai,
Entre o conforto do estar e o sofrer do não vem,
Eis que a porta se abre e deixa antever
Uma doce e morna luz.
A luz que dá vida a esta alma desfigurada e sem brilho,
Mas que nunca deixou de crer.
Espera e procura se fundem no achado e na chegada.
Solidão pra quê?
Se ainda resta muita paz e serenidade!
Carmen G.Scherer
Santa Cruz do Sul, 29 de julho de 2000
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