Hoje fiquei pensando no que ia te escrever, foi assim o dia inteiro, as palavras me vinham na cabeça, mas depois fugiam como se estivessem com medo de assumirem os meus erros ou de dizerem algo em meu nome.
E aquela frase velha e já gasta pelos anos de tanto as pessoas usarem não sai da minha cabeça: “Tudo na vida passa...” e às vezes eu completava também em pensamento “só não me passa você... ou só não esqueço de esquecer você” e coisas bregas, mas eficazes do gênero.
O engraçado é que não guardo essas lembranças como se fossem coisas ruins sabe, elas vão e vem, não ficam me atormentando a vida inteira, são lembranças dolorosas, mas que não doem tanto assim, cabem na minha cabeça e não ocupam tanto espaço assim.
O problema é que não consigo ficar calado ou simplesmente sofrer em silêncio, às vezes preciso gritar meu medo e desejo, traduzir em palavras os códigos dos meus pensamentos revelar os sentimentos, mas tem certas coisas que eu não sei dizer, essas se calam, mas falam mais alto ao meu coração.
Essa história que falam de olhar para dentro de si mesmo é algo que eu sempre tento fazer e quanto mais eu descubro de mim menos fico sem me entender, acabo sempre desistindo de me autoconhecer, vou na sorte, vou vivendo.
Construímos pontes longas demais e que não sabemos mais onde vão chegar, estabelecemos uma forma de nos comunicar com o mundo que muitas vezes só a gente entende, sabe essa coisa de ser meio abstrato e dizer coisas que só você mesmo entende, de desviar de um assunto e depois cair em outro e mais outros e já não saber mais do que estava falando mesmo?
Enquanto pensava no que ia te escrever acabei descobrindo que não tinha mais nada para te falar e que tudo que eu dissesse um dia poderia ser usado contra mim, se eu pedisse desculpas continuaria sem elas e mais culpado ainda, se eu dissesse que não te esqueci estaria mentindo porque tem horas que esqueço de você completamente.
